Para
alguns o Facebook, o Twitter e outras redes sociais são a melhor maneira de se
comunicar com os amigos, muito mais do que em conversas pessoais, porque reúnem
um grupo maior de pessoas no bate-papo. Outros acham que estimulam o
narcisismo, ameaçam a privacidade e diminuem o discurso inteligente em troca de
mensagens frívolas. Nessa linha de raciocínio, é possível dizer que as redes
sociais estão criando uma geração de viciados em dispositivos eletrônicos
incapazes de ter um pensamento mais profundo, individual e original.
Esse
é um tema instigante para um estudo antropológico. E a pesquisa do projeto “Why
We Post” acabou de ser publicada por nove antropólogos liderados por Daniel
Miller da Universidade College, em Londres. Os participantes do “Why We Post”
trabalharam de maneira independente durante 15 meses em lugares no Brasil,
Grã-Bretanha, Chile, China (em uma área rural e em uma zona industrial), Índia,
Itália, Trinidad e Tobago, e Turquia. Eles envolveram-se com as atividades das
famílias locais e das comunidades vizinhas. Esse estudo de campo, segundo a
equipe, lhes permitiu ter uma visão mais diferenciada do papel das redes
sociais do que por meio da análise das mensagens postadas pelos participantes.
As
descobertas realizadas nessa pesquisa de campo contestam muitas ideias e
opiniões preconcebidas. Uma delas refere-se ao “selfie”, um dos comportamentos
mais criticados nas redes por incentivar uma autoestima exagerada e um foco
indevido na beleza. Porém “Why We Post” mostrou que o selfie tem muitos
aspectos peculiares. Na Itália, as meninas têm o hábito de tirar dezenas de
fotos de si mesmas antes de escolher uma para postar. Já no Brasil os selfies
são com frequência postados por homens nas academias de ginástica. Mas em um
site inglês, como Daniel Miller descobriu, as crianças em idade escolar
postavam cinco vezes mais fotos de grupos de amigos do que selfies.
Os
críticos também acham que as pessoas criam um personagem online falso nas redes
sociais. Em Trinidad e Tobago os usuários das redes discordam dessa opinião.
Segundo eles, os perfis online são mais representativos da personalidade real
de uma pessoa do que em sua vida cotidiana. Na região rural da China e na
Turquia as redes sociais são vistas como prejudiciais à educação, porque
absorvem a atenção dos jovens. No entanto, na zona industrial da China e no
Brasil são consideradas um recurso adicional à educação.
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