Limite de velocidade
universal
Consulte
qualquer professor de física, ou qualquer livro texto da matéria, e você será
informado de que nada pode superar a velocidade da luz e, por decorrência,
nenhuma informação pode ser transferida mais rapidamente do que a velocidade da
luz.
Este
conceito tremeu nas bases - mas não caiu - quando começaram os experimentos com
a "ação fantasmagórica à distância" e com o teletransporte quântico.
No
caso da "ação fantasmagórica à distância" - baseada no fenômeno do
entrelaçamento ou emaranhamento - as partículas entrelaçadas influenciam-se
mutuamente mesmo que estejam em extremos opostos da galáxia. Ao que parece,
isto ocorre instantaneamente - o que é mais rápido do que a velocidade da luz -
mas ninguém sabe exatamente como, e os físicos ainda não concordam que haja uma
troca efetiva de informações por meios puramente quânticos.
O
teletransporte quântico, pelo menos nos experimentos realizados até agora,
ainda não passou pelo chamado "teste de Bell incontestável"
(loophole-free Bell test), o que poderia comprovar a existência de influências
"escondidas" além do espaço-tempo, eliminando o limite de velocidade
universal - a velocidade da luz.
Em
termos práticos, os experimentos não conseguem dar uma palavra final sobre o
assunto porque eles geralmente dependem do transporte clássico de partículas,
normalmente fótons viajando ao longo de fibras ópticas.
Mas
tudo isto pode estar mudando, por Troca de informações fantasmagórica.
Em
2013, Hatim Salih, do Centro Nacional de Física e Matemática da Arábia Saudita,
desafiou essa noção em um artigo publicado na principal revista de física do
mundo, mostrando que a informação pode de fato ser transferida entre dois
pontos sem que qualquer partícula viaje entre eles.
Isto
é possível graças a um fenômeno chamado "efeito Zeno quântico
encadeado", no qual uma série de medições encadeadas garante que
"nunca" haverá decoerência do estado quântico das partículas
entrelaçadas - em outras palavras, que as duas partículas "gêmeas"
nunca perderão sua conexão íntima, que permite a tal ação fantasmagórica à
distância, na qual tudo o que acontece a uma se refletirá imediatamente na
outra.
Agora,
Qi Guo e seus colegas do Instituto de Tecnologia Harbin, na China, apresentaram
a proposta de um esquema experimental no qual a informação pode ser transferida
efetivamente entre duas partículas distantes sem enviar qualquer partícula
física entre elas e sem que ambas precisem estar inicialmente juntas para serem
entrelaçadas.
A
equipe demonstrou que é teoricamente possível fazer o entrelaçamento de dois
qubits distantes - significando que o que acontecer a um instantaneamente
afetará o outro - sem qualquer interação. Isto é diferente dos experimentos já
realizados - nos quais as partículas são primeiramente entrelaçadas e então
separadas - porque os qubits já estarão distantes um do outro quando forem
entrelaçados.
Isto
significa que um qubit poderá transferir informação para outro qubit
desconhecido, de forma não-determinística, sem qualquer comunicação clássica e
sem que eles tenham sido entrelaçados previamente.
Internet
galáctica
Além
de balançar toda a interpretação mais aceita da mecânica quântica - com
chacoalhões espalhando-se como ondas por toda a física - o experimento proposto
dá um novo alento à computação quântica porque demonstra ser possível trocar
informações entre qubits distantes.
E
os experimentos com teletransporte quântico poderão ter um novo impulso,
eventualmente permitindo refazer os cálculos sobre quanto tempo levaria para
teletransportar um ser humano.
"Teoricamente
é possível construir uma internet galáctica ou intergaláctica usando este
esquema, que irá exigir um interferômetro de braço longo intra- ou
inter-galáctico e um objeto quântico com tempo de coerência muito longo.
Obviamente, entretanto, atualmente é impraticável construir um interferômetro
de braço longo, e não existe nenhum estado quântico com um tempo de coerência
tão longo," disse o professor Shou Zhang, coordenador da equipe.
Mas
Zhang acredita que um experimento mais "terráqueo", para demonstração
efetiva do esquema, pode ser possível com a tecnologia atual, utilizando um
átomo individual natural e um átomo artificial, chamado átomo de Rydberg, um
complexo ultrafrio constituído por um vapor metal-alcalino.
É
justamente na sintetização desse átomo de Rydberg metal-alcalino que os
experimentalistas vão trabalhar agora - afinal, quem não gostaria de ser o
primeiro a demonstrar experimentalmente que "há mais coisas entre as
partículas do que a nossa vã física consegue imaginar"?
Fonte-ti