Cientistas russos geraram plantas vivas a partir do fruto de uma pequena flor do Ártico, a Silene stenophylla, extinta há 32 mil anos.
O fruto ficou conservado por várias décadas graças a um singelo esquilo, que o guardou nos compartimentos de sua toca, preservada no permafrost (subsolo que fica congelado a maior parte do ano) siberiano.
O feito agora precisa ser confirmado pelo método de datação por radiocarbono.
Os russos acreditam que circunstâncias especiais contribuíram para a notável longevidade das células da stenophylla. Os esquilos constroem os armazéns de comida próximos ao solo congelado do Ártico, o permafrost, para manter as sementes frescas durante o verão ártico.
Ou seja, os frutos teriam permanecido congelados desde o início, mas as suas placentas, que contêm alta dose de sacarose e de fenóis, não se congelaram. A partir delas é que as plantas foram cultivadas.
O recorde anterior era de uma tamareira, que cresceu de uma semente com cerca de 2.000 anos de idade, recuperada no antigo forte de Massada, em Israel.
O trabalho é de autoria da equipe chefiada por Svetlana Yashina e David Gilichinski, do centro de pesquisas da Academia Russa de Ciências, em Puschino (perto de Moscou), e será publicado na edição desta terça-feira da revista oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
A especialista em DNA antigo da Universidade de Copenhague Eske Willersley diz que a descoberta é "a princípio, plausível", dadas as condições do permafrost.
A confirmação do resultado, porém, precisa ser feita pela datação por radiocarbono: "Tudo depende disso. Se houver algo errado ali, pode desmontar a coisa toda."
Se for positivo, então os cientistas poderão estudar a evolução, em tempo real, das stenophylla antigas, comparando-as com as atuais.
Gilichinsky, porém, não poderá comemorar a feito do seu grupo. Hospitalizado após um ataque de asma, o cientista faleceu neste mês.