sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O MALDADE EM PESSOA

         

            Uma empresa farmacêutica dos EUA tomou a controversa decisão de aumentar em 5.000% o preço do remédio Daraprim, que combate doenças infecciosas oportunistas, como a toxoplasmose, e é usado no tratamento de pessoas com HIV.
          Em agosto, logo após comprar da Impax Laboratories os direitos do Daraprim, a Turing Pharmaceuticals aumentou de U$S 13,50 para US$ 750 a dose do medicamento, cujo custo de produção é de apenas US$ 1.
O Daraprim está no mercado desde 1953 e é considerado uma das drogas cruciais no tratamento de pessoas com Aids. Entre as doenças que ele combate está a toxoplasmose, doença infecciosa adquirida pela ingestão de alimentos que pode contaminar facilmente pessoas cuja imunidade está baixa devido à Aids, quimioterapia e gravidez.
Com o aumento de preço, o custo anual dos pacientes com o tratamento saltará para centenas de milhares de dólares. No caso do Brasil, o Daraprim é fabricado pela Farmoquímica S/A e tem um preço médio de R$ 7,00.
Segundo Martin Shkreli, ex-investidor de risco de 32 anos que é CEO da Turing, afirmou que o lucro gerado pelo aumento será investido em novas pesquisas contra a Aids. “Precisamos tornar essa droga lucrativa. As empresas que produziam antes de nós estavam quase doando o medicamento”, disse Shkreli em entrevista à Bloomberg.
A medida ganhou repercussão mundial e gerou protestos enfurecidos de médicos infectologistas. “O que eles estão fazendo de diferente (na produção do remédio) para gerar esse aumento dramático?”, disse ao New York Times Judith Aberg, chefe do departamento de doenças infecciosas da Icahn Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York.
O aumento de preço do Daraprim não é um fato isolado. Enquanto a atenção mundial está voltada para a produção de novas drogas, medicamentos que estão há décadas no mercado e são a base para muitos tratamentos vêm sofrendo fortes e injustificáveis aumentos de preços. O assunto foi tema de uma reportagem do NYT em julho deste ano, que citou um abaixo assinado contra o aumento de preços de drogas usadas no tratamento contra o câncer.
Segundo o jornal, esses aumentos costumam ser atribuídos a pesquisas (como no caso do Daraprim) ou a custos de produção. No entanto, existem sérios questionamentos sobre a transparência das farmacêuticas.
Por conta disso, em maio deste ano foi encaminhado ao Senado dos EUA um projeto de lei que estabelece que, em caso de aumentos expressivos de preços de medicamentos, as empresas farmacêuticas devem informar à população, ao governo e aos planos de saúde o motivo que justificou a medida.

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