Em
agosto, logo após comprar da Impax Laboratories os direitos do Daraprim, a
Turing Pharmaceuticals aumentou de U$S 13,50 para US$ 750 a dose do
medicamento, cujo custo de produção é de apenas US$ 1.
O Daraprim está no mercado desde 1953
e é considerado uma das drogas cruciais no tratamento de pessoas com Aids.
Entre as doenças que ele combate está a toxoplasmose, doença infecciosa
adquirida pela ingestão de alimentos que pode contaminar facilmente pessoas
cuja imunidade está baixa devido à Aids, quimioterapia e gravidez.
Com o aumento de preço, o custo anual
dos pacientes com o tratamento saltará para centenas de milhares de dólares. No
caso do Brasil, o Daraprim é fabricado pela Farmoquímica S/A e tem um preço
médio de R$ 7,00.
Segundo Martin Shkreli, ex-investidor
de risco de 32 anos que é CEO da Turing, afirmou que o lucro gerado pelo
aumento será investido em novas pesquisas contra a Aids. “Precisamos tornar
essa droga lucrativa. As empresas que produziam antes de nós estavam quase doando
o medicamento”, disse Shkreli em entrevista à Bloomberg.
A medida ganhou repercussão mundial e
gerou protestos enfurecidos de médicos infectologistas. “O que eles estão
fazendo de diferente (na produção do remédio) para gerar esse aumento
dramático?”, disse ao New York Times Judith Aberg, chefe do departamento de
doenças infecciosas da Icahn Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York.
O aumento de preço do Daraprim não é
um fato isolado. Enquanto a atenção mundial está voltada para a produção de
novas drogas, medicamentos que estão há décadas no mercado e são a base para
muitos tratamentos vêm sofrendo fortes e injustificáveis aumentos de preços. O
assunto foi tema de uma reportagem do NYT em julho deste ano, que citou um
abaixo assinado contra o aumento de preços de drogas usadas no tratamento
contra o câncer.
Segundo o jornal, esses aumentos
costumam ser atribuídos a pesquisas (como no caso do Daraprim) ou a custos de
produção. No entanto, existem sérios questionamentos sobre a transparência das
farmacêuticas.
Por conta disso, em maio deste ano foi
encaminhado ao Senado dos EUA um projeto de lei que estabelece que, em caso de
aumentos expressivos de preços de medicamentos, as empresas farmacêuticas devem
informar à população, ao governo e aos planos de saúde o motivo que justificou
a medida.
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