“O
dinheiro vivo”, afirmou Marcus Felson, um eminente criminologista americano, “é
o leite materno do crime”. A necessidade de dinheiro vivo dos criminosos motiva
os crimes predatórios de rua. Um novo estudo do National Bureau of Economic
Research, um centro de pesquisas nos EUA, questiona se essa lógica poderia ser
aplicada no sentido contrário: se o dinheiro vivo motiva o crime, a sua
ausência reduziria a incidência de crimes? As respostas dizem que sim.
O
estudo observa dados de crimes no nível municipal para o estado de Missouri, de
1990 a 2011, período quando a taxa de criminalidade caiu sensivelmente em todos
os países ricos. Durante esse tempo, o Missouri, como o resto dos EUA, mudou o
modo de fornecimento de seus benefícios sociais e de vales alimentação. Em vez
de cheques, os estados passaram a usar um sistema de cartões de débito
conhecido como Transferência de Benefícios Eletrônica (TBE).
Os
pesquisadores verificaram que pagamentos eletrônicos geraram uma queda de 9,8%
nas taxas de criminalidade geral, de 7,9% nos assaltos a residências, de 12,5%
nas agressões e 9,6% nos furtos. A introdução da TBE também foi associada a um
número menor de prisões, o que indica que a queda da taxa de criminalidade não
ocorreu devido a um policiamento mais agressivo. Os efeitos da TBE sobre crimes
não relacionados à propriedade, tais como delitos envolvendo drogas, estupro e
prostituição foram estatisticamente insignificantes.
As
descobertas sugerem, de acordo com Volkan Topalli, um dos autores do estudo,
que “para pessoas em vizinhanças urbanas densamente povoadas, quando menos
dinheiro vivo elas portam e quanto mais suas transações forem digitalizadas,
menos atraentes elas se tornam como alvos de crime”.
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