Em uma sala moderna e limpa, uma
cientista usando um traje totalmente vedado, uma touca e luvas azuis está
preparando alguns cartuchos de impressão – preenchidos não com tinta, mas sim
com um líquido leitoso e viscoso.
Próximo a ela se encontra um
computador conectado a um dispositivo parecido com uma grande máquina de
sorvete, com a diferença de que cada um dois seus dois bocais são formados por
uma seringa com uma agulha comprida. Quando a cientista aperta o botão “efetuar
programa”, as agulhas liberam não sorvete de chocolate ou baunilha, mas uma
pasta de células vivas. Essas “biotintas” são depositadas em camadas precisas
uma sobre a outra, sendo que entre elas é disposto um gel que forma um molde
temporário em torno das células.
Quarenta minutos depois o trabalho
está acabado. A depender da escolha de biotinta e padrão de impressão, o
resultado pode ser quaisquer números de estruturas biológicas tridimensionais.
Nesse caso, trata-se de uma amostra de tecido pulmonar vivo de cerca de 4 cm de
largura contendo cerca de 50 milhões de células.
Desde sua criação em 2007,
pesquisadores da Organovo, sediada em San Diego, fizeram experimentos com a
impressão de diversos tipos de tecidos, inclusive partes de um pulmão, rim e
músculo cardíaco. Agora a primeira empresa negociada em bolsa de bioimpressão
3D está se preparando para iniciar a produção. Em janeiro amostras do seu
primeiro produto – lâminas de tecido de fígado humano – foram entregues a um
laboratório externo para que testes fossem realizados. Esses foram impressos em
séries de 24 e levam cerca de 30 minutos para serem produzidos, afirma Keith
Murphy, executivo-chefe da empresa. No fim deste ano a Organovo pretende dar
início às vendas comerciais.
A invenção da impressão 3D nos anos
80 forneceu a tecnologia hoje empregada para fabricar tudo – de peças de avião
a próteses de membros humanos. Mas a promessa da bioimpressão 3D é ainda maior:
criar tecidos humanos – camada a camada – para pesquisa, desenvolvimento de
remédios e experimentos, e ao fim como órgãos substitutos, tais como rins ou
pâncreas, para pacientes que necessitam desesperadamente de um transplante.
Órgãos bioimpressos poderiam ser feitos a partir das próprias células do
paciente e portanto não seriam rejeitados por seus sistemas imunológicos. Eles
também poderiam ser fabricados sob demanda.
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