A escassez de cadáveres no século
XVII era tal que William Harvey, o inglês que descobriu o sistema circulatório,
dissecou os seus próprios pai e irmã. No início do século XIX as faculdades de
medicina pagavam somas consideráveis a ladrões de cadáveres para que eles
saqueassem túmulos. William Burke e William Hare, dois vilões britânicos, foram
ainda mais longe e assassinou 16 pessoas para comercializar os cadáveres, o que
virou até filme, em 2010. Burke foi enforcado em 1829 – e seu corpo foi
dissecado.
A demanda por novos cadáveres só
aumentou desde então. Empresas farmacêuticas os utilizam para testar remédios.
Engenheiros de segurança os utilizam como bonecos de teste. Nunca há o bastante
deles porque menos pessoas hoje em dia morrem jovens, e é ilegal na maioria dos
países comprarem ou vender (ou exumar) cadáveres. Os pesquisadores dependem de
doações.
Seria razoável esperar que a
proibição do comércio signifique que não há um mercado para cadáveres. Mas isso
não é verdade. “Empresas de serviços de cadáveres” (ou mercadores de corpos)
atuam como intermediários entre doadores e usuários finais. Eles não vendem o
corpo em si, mas cobram por serviços como transporte, armazenamento e
preservação. O resultado, segundoMichel Anteby, professor da Faculdade de
Administração de Harvard, é que de fato existe um mercado de cadáveres, embora
ele não seja nomeado dessa forma.
É possível que haja até 30
negociadores de corpos nos EUA. Alguns são instituições filantrópicas; outras
têm fins lucrativos. Elas atraem milhares de doações por ano, em geral ao
aliviar o fardo financeiro da morte. Funerais podem custar milhares de dólares;
os mercadores de corpos geralmente pagam pela cremação e coletam os cadáveres
em si nos locais onde morreram. Faculdades de medicina também cobrem alguns
custos funerários, mas empresas de serviços de cadáveres afirmam que devolvem
os restos dos parentes mortos mais rapidamente e com menos burocracia. Algumas
empresas prometem que o corpo será usado para o avanço da medicina.
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