Os
médicos recomendam que as mulheres que estão grávidas, ou pretendem ficar,
comam muitos vegetais folhosos verdes. Estes são fonte de vitamina B9 – também
conhecido como ácido fólico – uma substância que contribui para o
desenvolvimento de embriões ao encorajar a formação do tubo neural, o precursor
do cérebro e da medula espinhal. O ácido fólico, no entanto, nunca foi
recomendado para homens que desejam se tornar pais devido, naturalmente, ao
fato de que, além do esperma, o pai não contribui em nada para a substância
física de um embrião.
Caso
os resultados da pesquisa com ratos, feita por Sarah Kimmins e sua equipe da
universidade McGill, em Montreal, possam ser aplicados também para pessoas,
isso pode estar prestes a mudar. Uma vez que, como afirma o estudo publicado no
periódico Nature Communications, algo estranho foi descoberto: a deficiência de
ácido fólico em pais pode, também, pelo menos em roedores, ser tão debilitante
para os embriões como a deficiência em mães. Uma ausência de ácido fólico
quando da formação do esperma causa alterações nele que afetam o rato que
cresce a partir do embrião fertilizado por esse esperma. Em particular, a dra.
Kimmins verificou deformidades muito graves da cabeça, coluna e membros.
Esse
dano parece ser causado por modificações epigenéticas, assunto de um campo de
pesquisa que vem se expandindo rapidamente. Tais modificações envolvem um
processo conhecido como metilação, o qual altera o comportamento dos genes de
modo que tal alteração possa ser passada de geração em geração. O papel do
ácido fólico é regular a metilação. A dra. Kimmin ainda não sabe como a
epigenética pode causar os defeitos verificados no estudo. Mas quando ela e sua
equipe analisaram as mudanças dos padrões de metilação dos genes no esperma de
ratos com deficiência de ácido fólico, eles constataram coisas que podem causar
outros fenômenos, os quais não são evidentes quando do nascimento. Esses
incluem câncer, diabetes, e até mesmo autismo e esquizofrenia.
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