Cientistas norte-americanos embarcam
em um submarino miniaturizado e injetado no corpo de Jan Benes, um colega de
trabalho em coma. A equipe médica tem apenas uma hora para chegar ao cérebro e
drenar o coágulo. Após isso, o submarino minúsculo vai começar a voltar ao
tamanho normal, podendo ser detectado pelo sistema imunológico de Benes e
possivelmente destruído. A delicada operação pode salvar a vida do cientista,
que descobriu uma tecnologia de última geração antes do seu problema de saúde.
O roteiro descreve um filme de ficção
cientifica de 1966, Viagem Fantástica, que já anunciava princípios atuais da
nanotecnologia. Ainda não é possível miniaturizar uma pessoa, como aconteceu no
filme, mas a tecnologia de percorrer o corpo humano por meio de uma cápsula é
possível quase 50 anos após estréia do filme. Atualmente, uma microcâmera
filmadora com luz e bateria de dez horas de duração pode percorrer todo o
sistema digestivo - esôfago, estômago e intestino, e identificar problemas não
reconhecidos por meio dos exames convencionais, como a endoscopia.
A nanotecnologia refere-se ao
bilionésimo do metro e costuma ser comparada com o tamanho de um átomo ou de
uma bola de gude diante do planeta Terra. Com seu conhecimento em várias áreas
da ciência, é possível produzir medicamentos mais eficazes e com menos efeitos
colaterais, materiais mais resistentes, computadores com maior capacidade de
armazenamento.
"A gente pode dizer que está
rodeado de nanotecnologia sem se dar conta disso. De fato, o revolucionário não
surge na redução de tamanho [dos equipamentos] ou no aumento da velocidade. Mas
a miniaturização possibilita aplicações que a gente nem imagina", explica
o professor de física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Peter
Schulz.
Segundo o coordenador de micro e
nanotecnologias do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Flávio
Plentz, a nanotecnologia envolve todos os setores econômicos e é capaz de
manipular, sintetizar ou modificar a matéria. No entanto, destaca que, para
carregar o nome nano, o conhecimento precisa gerar uma inovação.
"Tudo que se faz em termos de
modificação, manipulação ou síntese de materiais nessa escala, a gente
considera nanotecnologia. Para ser nanotecnologia aquilo que foi feito ou
produzido nessa escala de tamanho tem que gerar, necessariamente, uma nova
propriedade ou função para aquele material", diz o coordenador do
ministério.
O físico Peter Schulz ressalta a
necessidade de inovação e critica o uso da nanotecnologia apenas para atrair a
atenção. "Nos últimos anos houve um movimento de patentear produtos com o
nome nano. Quando iam investigar [esses produtos], não tinham nada de
nanotecnologia. Estavam só surfando na onda do nome. É uma situação ainda de
ajustes e vai ser assim por um bom tempo", destacou o físico.
A indústria cinematográfica também
aproveitou o conceito de nanotecnologia em 2013. O filme Homem de Ferro 3, com
ator Robert Downey Jr. trouxe às telas de cinema a história do cientista e
industrial que desenvolve uma armadura de ferro com capacidade de voar.
No filme, é aplicada uma substância
no herói que desenvolve habilidades super-humanas. O produto copia o sistema
operacional do organismo, com o uso da nanotecnologia, para curar ferimentos e
até regenerar partes do corpo. A ficção ainda está distante da realidade, mas
suscita o debate dos efeitos colaterais. Como o corpo humano reage a tais
inovações? A área ainda não é regulamentada.
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