A popularização de dispositivos tecnológicos,
equipados com câmeras de alta resolução, criou um novo fenômeno: o Little
Brother.
O novo fenômeno tem como base o mesmo conceito de
controle que trouxe o Big Brother, mas, ao invés de câmeras do governo, cidadãos
comuns fazem o papel de vigilantes constantes, prontos para registrar e
compartilhar qualquer evento de interesse público.
Embora os aparelhos de alta resolução, como
smartphones e iPhones, sejam novos, a raiz do Little Brother é antiga. A nova
era foi inaugurada quando, em 1963, o fabricante de roupas Abraham Zapruder
filmou inadvertidamente o assassinato de John Kennedy com sua Kodachrome II
8-mm.
Cinquenta anos depois, o Little Brother cresceu e,
de certa forma, modificou a sociedade. Hoje, qualquer cidadão é capaz de
denunciar políticos corruptos, infrações urbanas e outros tipos de crime,
através de imagens captadas sorrateiramente.
Mas a vigilância do Little Brother causa um efeito
colateral indesejado na sociedade. Atualmente, a privacidade não passa de um
conceito teórico. Na verdade, muitas pessoas da geração atual não esperam ter
privacidade. Ao contrário, buscam a superexposição. Infinitas fotos e vídeos
caseiros são espalhados em redes sociais na internet, divulgando intimidades
que só interessam a um limitado círculo de conhecidos.
Mesmo aqueles que ainda prezam pela privacidade não
conseguem escapar do Little Brother. O fenômeno tirou do cidadão a autonomia
sobre o que vai ser mostrado e o que permanecerá oculto. Enquanto o conceito de
espaços e conversas privadas diminui, cresce a sensação de que todos pertencem
a todos.
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