Ratos-toupeira
cegos vivem um bom tempo e não contraem o câncer. Biólogos acreditavam que os
animais conseguiam evitar a doença pela mesma estratégia adotada pelos
ratos-toupeira pelados, outra espécie subterrânea que tem longa vida. Nesses
animais, uma espécie de gatilho é ativado para matar células que começam a se
multiplicar desordenadamente, como ocorre no nascimento de um tumor. Ou seja,
as células cancerígenas dos ratos-toupeira pelados se autodestroem na presença
de um câncer.
Mas os
ratos-toupeira cegos têm outro modo de combater os tumores, que decorre de uma
adaptação à vida subterrânea na qual o oxigênio é escasso, anunciaram
pesquisadores de Nova York e Israel na revista especializada Proceedings of the
National Academy of Sciences. De acordo com Steven Austad, do Centro de Saúde e
Ciência da Universidade do Texas, em San Antonio, a forma distinta como os
ratos-toupeira cegos evitam o câncer é surpreendente. “Isto é como encontrar
duas agulhas em um palheiro”, declarou ele.
Mutação
explica sobrevivência
Os
ratos-toupeira cegos deveriam ser menos resistentes ao câncer, uma vez que suas
células não podem se autodestruir através de um processo celular chamado
apoptose, comumente usado pelo organismo para eliminar células nocivas,
inclusive cancerígenas. Condições de baixo oxigênio, como aquelas em que
ratos-toupeira cegos fazem seus ninhos, geralmente levam as células a se
autodestruírem através da apoptose. Para se manterem vivos nessas condições, os
roedores tiveram que evoluir realizando uma mutação em uma proteína de combate
ao câncer denominada p53. Essa mudança impede que as células sofram apoptose em
condições de baixo oxigênio. Pacientes humanos com câncer apresentam mutações
semelhantes, que impedem que as células de tumores cancerígenos sejam
eliminadas.
Mas as células
cancerígenas desses ratos encontraram uma maneira de ‘se desligar’. Vera
Gorbunova, da Universidade de Rochester, em Nova York, e sua equipe descobriram
que, nos animais, as células de tumores cultivadas em laboratório morrem depois
de três dias. As células liberam uma substância química chamada
interferon-beta, geralmente usada pelo sistema imunológico para combater vírus.
Neste caso, o químico causou nas células dos ratos uma morte súbita conhecida
como necrose.
Os
pesquisadores estão tentando descobrir o gatilho que determina a liberação do
químico e como a necrose não afeta células saudáveis. “Essa investigação será
importante porque a necrose é conhecida por causar inflamação, que pode também
danificar tecidos”, declarou Austad. “Talvez os animais matam as células
cancerígenas uma de cada vez, evitando a inflamação generalizada”, disse ele.
Austad revela
que a adaptação à condição de baixo oxigênio pode ter levado ambas as espécies
de ratos-toupeira, cego e pelado, a evitar o câncer. Mas o fato de que as duas
espécies o fazem de formas distintas sinaliza que existem diversas maneiras
para evitar o crescimento descontrolado de células cancerígenas, diz Austad.
Fonte - science
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