O
funcionamento de um órgão humano completo simulado em apenas um microchip. Essa
é a base do trabalho de um grupo de pesquisadores do Instituto Wyss para
Engenharia Biologicamente Inspirada, da Universidade de Harvard, nos Estados
Unidos. A equipe do professor de bioengenharia Donald Ingber foi responsável,
há dois anos, pelo desenvolvimento do primeiro pulmão em chip, nome dado por
eles a um microdispositivo capaz de imitar fielmente as funções de um pulmão
humano. Em artigo recém publicado na revista Science Translational Medicine, os
cientistas dão um passo à frente na fabricação de órgãos eletrônicos.
Conseguiram, pela primeira vez, imitar nesse instrumento os efeitos de um
problema pulmonar e, com isso, testar os efeitos de futuras medicações.
Normalmente,
um medicamento desenvolvido em laboratório pode levar no mínimo duas décadas
para chegar ao uso clínico. Antes de ser aprovado e receitado por médicos, ele
precisa ser submetido a uma série de testes de segurança, de eficiência, de
possíveis efeitos colaterais em animais e em humanos. A ideia nos dispositivos
criados por Ingber é substituir a etapa com animais ou, pelo menos, fazer com
que o tempo de experimento seja reduzido com o teste prévio de substâncias.
Ele acredita
que é possível modelar as facetas de praticamente todos os órgãos do corpo
humano em um chip, mas reconhece que há limitações. Seria possível, por
exemplo, modelar a medula óssea e até projetar a remodelação óssea, mas não a
capacidade de carga mecânica em grande escala de grandes ossos inteiros.
“Tentamos modelar a barreira sangue/cérebro e podemos ser capazes de modelar
alguns circuitos neuronais, mas a modelagem da complexa estrutura do cérebro
vai além das capacidades atuais”, explica.
Segundo o
líder do Núcleo de Bioengenharia da Universidade de São Judas Tadeu, Carlos
Antonio da Rocha, o período em que os pesquisadores buscam fabricar órgãos
interligados — cerca de cinco anos — ainda é curto, mas os resultados trazidos
no artigo são um grande passo. “O grande problema é que, para construir esses
chips, é preciso garantir que eles reproduzam o comportamento do tecido humano,
e muito desse comportamento a gente não conhece.”
Fonte - science
Nenhum comentário:
Postar um comentário