Os
ratos têm sido fundamentais como material de pesquisa em laboratórios. Em 1940,
Ernst Chain e Howard Florey começaram a trabalhar em um projeto para descobrir
substâncias com propriedades antibacterianas. Após infectar oito ratos com uma
suspensão letal de bactérias do gênero Streptococcus, eles injetaram penicilina
em quatro dessas cobaias. Só esses quatro ratos sobreviveram. “Foi um milagre”,
disse Florey. Florey e Chain isolaram, concentraram e purificaram em
laboratório essa substância descoberta pelo médico e bacteriologista escocês
Alexander Fleming em 1928. E na época da Segunda Guerra Mundial a penicilina
foi fabricada em larga escala e salvou milhares de vidas.
Os
ratos têm sido uma das bases da pesquisa médica desde o século XVI, porque são
baratos para abrigar e alimentar, reproduzem-se com rapidez e são dóceis. Além
disso, têm uma grande semelhança genética com os seres humanos; quase todos os
genes que codificam as proteínas do corpo humano têm um correspondente nos
ratos.
Mas
nos últimos 10 anos diversos estudos mostraram que os ratos não reagem do mesmo
modo que os seres humanos a doenças como diabetes, acidente vascular cerebral e
câncer. A reação deles a queimaduras, lesões e infecções também é bem
diferente. E outros fatores estão distorcendo os resultados de alguns estudos
de formas imprevisíveis. Um dos casos de pesquisas com ratos relatado por
Elizabeth Repasky do Roswell Park Cancer Institute em Buffalo em 2013, mostrou
que os tumores cancerígenos aumentavam mais rápido em ratos que viviam em uma
temperatura ambiente de 22°C, em vez de ambientes em que se sentiam melhor com
a temperatura de 30°C. Outro estudo revelou que quase todos os camundongos e
ratos criados em laboratórios eram sedentários e obesos e, em geral, tinham uma
reação diferente dos roedores saudáveis diante de mudanças de medicamentos ou
alimentares.
Agora,
David Masopust da Universidade de Minnesota descreveu outro problema em um
artigo publicado na revista Nature: os ratos usados em experiências de
laboratório são criados em condições artificiais de limpeza. Masopust não
sugere que os pesquisadores deveriam usar ratos criados em ambientes com poucos
recursos de higiene em todos os seus estudos, porque seria difícil comparar
experimentos de laboratórios diferentes. No entanto, em sua opinião os ratos
que vivem em condições mais precárias de limpeza devem ser usados em testes de
tratamentos para seres humanos, sobretudo em vacinas e em imunoterapia para o
tratamento de câncer, que estimula o sistema imunológico do corpo para combater
a doença.
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