Algumas
ciências dependem de observação, outras de experimentação. Mas muitas vezes,
seria mais fácil se cientistas pudessem sempre experimentar.
É
esse o caso com o estudo de buracos negros. Os buracos negros (amontoados de
matéria tão concentrada que a força da sua gravidade não permite que nem luz
passe por eles) são corpos enormes e muito distantes de nós. Os maiores formam
os núcleos das galáxias. Os menores são resultados do colapso de estrelas
gigantes. Mas nós humanos nunca vamos chegar perto de um desses, o que é uma
pena porque uma teoria elaborada há 40 anos por Stephen Hawking, um físico da
Universidade de Cambridge, sugere que buracos negros não são realmente negros,
mas na verdade brilham com uma radiação muito sutil para ser vista da Terra.
Isso,
no entanto, não desencorajou Jeff Steinhauer, do Instituto de Tecnologia
Technion-Israel em Haifa. Há alguns anos, ele criou algo semelhante o
suficiente a um buraco negro para produzir, ele acredita,algo muito parecido
com a radiação Hawking.
Radiação
Hawking é uma consequência da física quântica – mais especificamente, do famoso
princípio da incerteza de Werner Heisenberg, que permite que partículas
acompanhadas de suas correspondentes antipartículas emirjam do vácuo, desde que
elas desapareçam imediatamente depois. Hawking se perguntou o que aconteceria
se isso ocorresse tão perto da superfície de um buraco negro que apenas uma
metade do par, mas não a outra, fosse engolida. Nesse caso, ele deduziu a parte
deixada para trás teria que se tornar real – e teria que roubar a energia
necessária para fazer a transição do próprio buraco negro, que, portanto, se
tornaria então um pouquinho menos negro. E a nova partícula, junto com muitas
outras surgidas da mesma forma, emitiria uma leve radiação no espaço, o que
faria o buraco negro brilhar sutilmente.
William
Unruh, da Universidade de British Columbia, encontrou uma analogia terrestre
para a teoria de Hawking. O som também está sujeito às leis da física quântica.
Pequenos conjuntos de energia sônica são chamados fónons. Unruh sugeriu, então,
que o equivalente sônico de buracos negros, “buracos surdos”, podem existir,
podem ser criados em laboratório e podem emitir uma radiação Hawking feita de
fónons.
E
esse experimento foi criado com sucesso pelo Dr. Steinhauer, em 2010. Os
resultados ainda não são completamente óbvios. Há detalhes que precisam ser
clarificados, para garantir que os fónos estão de fato sendo criados pelo vácuo
ao invés de serem – apesar de todas as precauções – apenas barulho no sistema.
Mas tudo indica que Steinhauer está perto de descobrir algo que prova a teoria
de Hawking.
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