Para a maioria das pessoas cupins são
sinônimos de destruição. Eles são capazes de consumir uma casa inteira
rapidamente. Mas os entomologistas têm um ponto de vista diferente. Eles são
mais inclinados a descrever liricamente o talento para a construção dos
insetos.
Os cupinzeiros podem atingir até três
metros de altura – uma façanha para animais cujo tamanho não ultrapassa alguns
milímetros. E esses ninhos não são meros montes de terra. Eles contam com
engenhosos sistemas de ar-condicionado que usam a convecção para manter o
ambiente em uma temperatura amena; alguns são até mesmo alinhados ao sentido
norte–sul para evitar o pior do sol do meio-dia. Os cupins também constroem
túneis reforçados a partir de seus ninhos para o mundo exterior a fim de se
manterem seguros enquanto forrageiam.
Individualmente os cupins são, é
claro, simples demais para entenderem coisas como convecção e fluxo solar. No
entanto, algumas regras simples embutidas em seus sistemas nervosos pelo
processo evolutivo e reguladas por químicos de sinalização chamados feromônios
os induzem a construir cupinzeiros exuberantes. Esse tipo de comportamento, no
qual regras simples se combinam para produzir resultados sofisticados, é
denominado emergência. Agora designers humanos também estão se interessando
pela emergência. Em um estudo recém-publicado no periódico Science, um grupo de
Harvard, liderado por Justin Werfel, descreve robôs, inspirados em cupins, que
podem construir coisas ao combinar tijolos magnéticos de tamanho padrão. Tudo
que seu controlador humano tem que fazer é programá-los com algumas regras
apropriadas e deixá-los trabalhar.
As equipes de construção de robôs não
representam, em si, nada de novo. Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia
já demonstraram um sistema que usa robôs voadores controlados remotamente que
são capazes de construir coisas. O que torna a abordagem do Dr. Werfel
diferente é que em vez de contar com uma força controladora, na forma de um
programa de computador, o controle é distribuído pelos componentes do sistema,
os quais não podem se comunicar entre si. Os robôs – pequenos dispositivos
sobre rodas – não precisam ver o todo.
No caso dos cupins, a visão do todo é
fornecida pela seleção natural, a qual refinou ao longo de milênios as regras
às quais os cupins obedecem. No caso dos robôs do Dr. Werfel, um projetista
humano especifica o resultado esperado e, com a ajuda de um programa
desenvolvido pela equipe, gera as regras que levarão à construção, com as quais
cada robô será então carregado. Tudo o que precisa ser feito é colocar um
tijolo como fundação para mostrar aos robôs onde começar a construir.
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