Dois
anos atrás, dois cientistas espalharam o medo de um vírus devastador. Yoshihiro
Kawaoka, da Universidade de Winsconsin-Madison e Ron Fouchier, do Centro Médico
Erasmus, em Roterdã, descobriram, separadamente, maneiras de tornar uma cepa da
gripe aviária chamada H5N1 mais contagiosa. Os críticos alertaram que
terroristas poderiam usar esse conhecimento para criar uma arma biológica.
Autoridades americanas ordenaram que os artigos fossem suprimidos. Pesquisas
adicionais ficaram em suspenso. Mas, após muito debate, os artigos foram
publicados na íntegra no ano passado. Em uma carta publicada esta semana nas
revistas Nature e Science, o Kawaoka e o Fouchier propõem que estudos similares
sobre o H7N9, outra cepa do vírus da gripe que está se espalhando na China,
devem ir adiante também.
O
interesse dos cientistas está em responder se o H5N1 ou o H7N9 irão desencadear
uma pandemia. No momento, a resposta parece ser “não”. Ainda que o H1N1 seja
virulento, a maioria dos indivíduos infectados sofreu contaminação a partir de
animais, ao invés de terem pego de outras pessoas. O H7N9 parece menos letal do
que o H5N1 e sua transmissão é limitada, de maneira parecida. Mas as coisas podem piorar à medida que os
vírus evoluírem. Portanto, o Kawaoka e Fouchier acham melhor testar, em
laboratório, como essa evolução pode ocorrer – antes que ela ocorra na
natureza.
Em
particular, eles gostariam de testar a habilidade do H7N9 de se misturar com
outros vírus da gripe em circulação. Essa combinação pode torná-lo melhor
adaptado a hospedeiros humanos. Os cientistas querem identificar as mutações
que tornam o H7N9 mais contagioso. Servidores públicos americanos da área da
saúde, também em carta publicada nas revistas Nature e Science, explicaram como
avaliariam estudos que tentassem aumentar a transmissibilidade desses vírus.
Ainda não está claro quanto tempo levaria até que essas avaliações fossem
publicadas, mas é bem provável que os vírus consigam se adaptar mais rápido que
os burocratas e acadêmicos.
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