Na
esperança de dar um novo significado ao termo “luz natural”, um pequeno grupo
de entusiastas da biotecnologia começou um projeto para desenvolver plantas que
brilham no escuro, potencialmente abrindo caminho para árvores que podem
substituir postes elétricos e flores em vasos luminosos o suficiente para se
conseguir ler um livro.
O
projeto, que vai usar uma vertente sofisticada da engenharia genética chamada
biologia sintética, está atraindo atenção não só pela sua meta audaciosa, mas
pela forma como está sendo realizado.
Ao
invés de ser uma iniciativa de uma grande empresa ou de um laboratório
acadêmico, o projeto vem sendo realizado por um pequeno grupo de cientistas
amadores em um crescente número de laboratórios improvisados surgindo em todo o
território americano, na medida em que a biotecnologia se torna barata o
suficiente para dar origem a um movimento “faça você mesmo”. O projeto foi
idealizado por Anthony Evans, um empresário de tecnologia em São Francisco, e
Omri Amirav-Drory, um bioquímico. Eles se conheceram na Universidade
Singularity, em um programa cujo objetivo é apresentar tecnologias futuristas a
novos empreendedores.
A
iniciativa está sendo financiada na internet, por qualquer um interessado em
fazer uma doação, e já angariou $250 mil dólares de cerca de 4.500 doadores em
aproximadamente duas semanas.
Tabaco
incandescente
O
esforço não é o primeiro do tipo. Alguns anos atrás, um grupo de uma
universidade americana criou uma planta de tabaco incandescente através da
implantação de genes de uma bactéria marinha que emite luz. Mas a luz era tão
fraca que poderia ser percebida somente se a planta fosse observada por pelo
menos cinco minutos em uma sala escura.
Os
objetivos do novo projeto, pelo menos inicialmente, são igualmente modestos.
“Esperamos ter uma planta que você pode ver claramente no escuro, mas não
espere substituir as lâmpadas com a versão 1.0″, diz o site do projeto.
Mas
parte da meta é mais controversa: a divulgação das facilidades e das promessas
da biologia sintética vem alarmando alguns críticos, que temem que amadores
comecem a criar novos seres vivos em suas garagens. Eles argumentam que
organismos maliciosos podem ser criados, seja intencionalmente ou por acidente.
Duas
organizações ambientais, Amigos da Terra e o Grupo ETC, têm manifestado suas
preocupações ao grupo responsável pelo projeto e ao Departamento de Agricultura
dos EUA, que regulamenta culturas geneticamente modificadas, em um esforço para
afundar a iniciativa.
A
biologia sintética é um termo nebuloso e é difícil dizer como ela difere da
engenharia genética. Em sua forma mais simples, a engenharia genética envolve
extrair um gene de um organismo e colocá-lo no DNA de outro. A biologia
sintética tipicamente envolve a síntese do DNA a ser inserido, proporcionando
flexibilidade para cientistas irem além dos genes que se encontram na natureza.
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