sábado, 11 de maio de 2013

Árvores que brilham no escuro


Na esperança de dar um novo significado ao termo “luz natural”, um pequeno grupo de entusiastas da biotecnologia começou um projeto para desenvolver plantas que brilham no escuro, potencialmente abrindo caminho para árvores que podem substituir postes elétricos e flores em vasos luminosos o suficiente para se conseguir ler um livro.
O projeto, que vai usar uma vertente sofisticada da engenharia genética chamada biologia sintética, está atraindo atenção não só pela sua meta audaciosa, mas pela forma como está sendo realizado.
Ao invés de ser uma iniciativa de uma grande empresa ou de um laboratório acadêmico, o projeto vem sendo realizado por um pequeno grupo de cientistas amadores em um crescente número de laboratórios improvisados surgindo em todo o território americano, na medida em que a biotecnologia se torna barata o suficiente para dar origem a um movimento “faça você mesmo”. O projeto foi idealizado por Anthony Evans, um empresário de tecnologia em São Francisco, e Omri Amirav-Drory, um bioquímico. Eles se conheceram na Universidade Singularity, em um programa cujo objetivo é apresentar tecnologias futuristas a novos empreendedores.
A iniciativa está sendo financiada na internet, por qualquer um interessado em fazer uma doação, e já angariou $250 mil dólares de cerca de 4.500 doadores em aproximadamente duas semanas.
Tabaco incandescente
O esforço não é o primeiro do tipo. Alguns anos atrás, um grupo de uma universidade americana criou uma planta de tabaco incandescente através da implantação de genes de uma bactéria marinha que emite luz. Mas a luz era tão fraca que poderia ser percebida somente se a planta fosse observada por pelo menos cinco minutos em uma sala escura.
Os objetivos do novo projeto, pelo menos inicialmente, são igualmente modestos. “Esperamos ter uma planta que você pode ver claramente no escuro, mas não espere substituir as lâmpadas com a versão 1.0″, diz o site do projeto.
Mas parte da meta é mais controversa: a divulgação das facilidades e das promessas da biologia sintética vem alarmando alguns críticos, que temem que amadores comecem a criar novos seres vivos em suas garagens. Eles argumentam que organismos maliciosos podem ser criados, seja intencionalmente ou por acidente.
Duas organizações ambientais, Amigos da Terra e o Grupo ETC, têm manifestado suas preocupações ao grupo responsável pelo projeto e ao Departamento de Agricultura dos EUA, que regulamenta culturas geneticamente modificadas, em um esforço para afundar a iniciativa.
A biologia sintética é um termo nebuloso e é difícil dizer como ela difere da engenharia genética. Em sua forma mais simples, a engenharia genética envolve extrair um gene de um organismo e colocá-lo no DNA de outro. A biologia sintética tipicamente envolve a síntese do DNA a ser inserido, proporcionando flexibilidade para cientistas irem além dos genes que se encontram na natureza.


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