Paleontólogos
do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) acabam de
tornar o céu pré-histórico do Brasil um lugar bem menos seguro ao anunciar a
descoberta de um réptil voador que, de uma ponta à outra das asas, pode ter
medido 8,5 metros.
A
criatura parece pertencer a uma espécie já conhecida de pterossauro, como são
designados esses animais, mas nenhum bicho do grupo descoberto até hoje no
Brasil chegou perto desse tamanho. Trata-se do terceiro maior pterossauro do
planeta, sobrepujado apenas por duas outras espécies, uma norte-americana e
outra europeia, que empatam com cerca de 10 m de envergadura.
Detalhes
do achado, anunciado na manhã de ontem, estão em um artigo na revista
"Anais da Academia Brasileira de Ciências".
Os
pesquisadores analisaram fósseis de três indivíduos, todos da chapada do
Araripe, região nordestina que é um dos locais do mundo mais ricos em vestígios
de pterossauros, alguns excepcionalmente bem preservados, com tecidos moles,
como músculos e vasos sanguíneos.
Do
trio, o animal mais avantajado é o que teve mais material ósseo preservado:
parte do crânio, vértebras, pelve e pedaços de ambas as asas. Segundo os
pesquisadores, o bicho pertencia à espécie Tropeognathus mesembrinus.
Provavelmente era um devorador de peixes, alimento abundante no ambiente
costeiro que predominava no Araripe à época.
Alexander
Kellner, paleontólogo que coordenou a pesquisa, destaca que o novo espécime
contraria a ideia de que certos grupos de pterossauro não teriam o potencial
evolutivo de alcançar dimensões gigantes, ou que esse gigantismo só apareceu
pouco antes da queda de um meteorito que os fez desaparecer há 65 milhões de
anos.
"De
repente, você tem um animal de 110 milhões de anos que já chegava a esse
tamanho", afirma Kellner. "As pessoas falavam em limite de
envergadura para esse tipo de pterossauro, mas sempre pode aparecer um
maior."
Como
nenhum bicho voador moderno chega perto desses monstros em tamanho, há debate
sobre como eles se mantinham no ar. Alguns os veem como planadores, sem vocação
para o voo "real".
Para
Kellner, embora as aves modernas com as maiores asas, os albatrozes, tenham
envergadura de apenas 3,5 m, é possível fazer uma analogia entre eles e os
megapterossauros. "Um albatroz pode ficar quilômetros sem bater as asas,
mas, quando precisa, ele as bate."
A
pesquisa teve apoio da Faperj, fundação estadual de amparo à pesquisa do Rio.
Cientistas de universidades do Ceará e de Pernambuco também assinam o estudo.
As
peças ficam em exposição no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio, a
partir de amanhã.
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