Cientistas anunciaram nesta
segunda-feira ter conseguido imprimir, pela primeira vez, objetos
tridimensionais usando células-tronco embrionárias, um avanço na busca por
produzir órgãos transplantáveis.
Uma vez ajustada, a tecnologia pode
permitir aos cientistas criar tecidos humanos tridimensionais em laboratório,
eliminando a necessidade de doação de órgãos para transplantes ou o uso de
animais em testes para medicamentos, afirmaram os pesquisadores.
As células-tronco embrionárias
humanas (hESCs, na sigla em inglês) podem se replicar indefinidamente e dar
origem a qualquer tipo de célula do corpo humano.
Elas são apontadas como fontes de
tecidos substitutos, reparando quase tudo, de corações a pulmões defeituosos a
lesões na espinha, mal de Parkinson e até mesmo a calvície.
Os cientistas testaram previamente a
impressão tridimensional, que utiliza tecnologia de jato de tinta, com outros
tipos de células, inclusive as células-tronco adultas.
Até agora, as hESCs, que são mais
versáteis do que células maduras, demonstraram ser muito frágeis.
"Este é um desenvolvimento
científico que, esperamos e acreditamos, terá implicações de longo prazo
imensamente valiosas para a testagem de medicamentos confiável sem animais, e
em um prazo maior ainda, para a produção de órgãos para transplante sob
encomenda", afirmou Jason King, da empresa britânica de células-tronco Roslin
Cellab, que participou da pesquisa.
A equipe de cientistas utilizou uma
impressora com "método de válvula", que depositou uma
"biotinta" de líquido contendo células-tronco embrionárias cultivadas
em laboratório.
As células foram expelidas com um minúsculo
jato de ar e o fluxo foi controlado pela abertura e o fechamento de uma
microválvula.
"Conseguimos imprimir milhões de
células em minutos", explicou à AFP o co-autor do estudo, Will Shu, da
Universidade Heriot-Watt de Edimburgo.
"A impressora tem tamanho
similar ao de uma impressora de mesa a laser padrão", emendou.
As células vivas foram impressas em
uma placa de petri e deixadas para se agregar e formar "o que chamamos de
esferoide, que é como uma bola pequena" acrescentou Shu. Cada esferoide media
menos que um milímetro.
O estudo foi publicado no periódico
Biofabrication, uma publicação do Instituto de Física da Grã-Bretanha.
O experimento não foi concebido para
criar nada, mas para demonstrar um método que não causaria danos às delicadas
células.
"Mais importante, as
células-tronco embrionárias impressas mantiveram sua pluripotência, ou seja, a
habilidade de se diferenciar e formar qualquer outro tipo de célula"
acrescentou o Instituto de Física em um comunicado.
Teoricamente, a equipe consegue
imprimir qualquer forma, mas ainda não é capaz de recriar um órgão humano, que
precisa de um emaranhado de vasos sanguíneos.
"O desafio de imprimir um órgão
inteiro é ter esta estrutura vascular ali dentro para alimentar, permitindo aos
tecidos sobreviver no longo prazo", explicou Shu. "Nós demos o
primeiro passo nessa direção", acrescentou.
Outro grande obstáculo é harmonizar a
ciência de instruir as células-tronco embrionárias para se tornar tipos
específicos de tecidos.
Segundo Shu, a curto prazo, sua
equipe visa a imprimir em 3D tecido hepático, que tem uma das estruturas
biológicas mais simples.
Ele poderia ser então, utilizado em
testes de medicamentos em laboratório, "o que se espera que elimine o uso
de animais", afirmou.
"Eu espero que esta tecnologia
possa ser executável no prazo de um ano ou dois", emendou.
Uma ideia por trás da busca de órgãos
substitutos é desenvolver as células usando o próprio DNA do paciente para
evitar a rejeição.
Mas esta área tem sido perseguida por
críticas sobre o uso de embriões nos primeiros estágios de desenvolvimento,
onde as células mais adaptáveis - ou pluripotentes - são encontradas.
Fonte - ciencia.com
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