Desenvolvida por profissionais de áreas como física, química, engenharia, medicina e biologia, a nanotecnologia lida com partículas invisíveis mesmo para um microscópio comum - trata-se de medidas em nanômetro, unidade 1 milhão de vezes menor que 1 mm. Com o aumento significativo das pesquisas envolvendo a nanotecnologia, surgem aparelhos de medicina, computação e até mesmo materiais que impedem o acúmulo de gorduras no fogão. E também nasce um novo tipo de expressão artística: a nanoarte.
A sobreposição de partículas de materiais como óxido de prata, óxido de ferro, polímeros, entre outros, formam imagens únicas, que lembram componentes da natureza como flores e rios. Suas formas são captadas em preto e branco por microscópios de altíssima resolução que realizam fotografias. Depois de captada, um editor de imagens dá o seu toque artístico complementando com cores a partir de um programa de computador.
No Brasil, essa atividade começou a ser praticada em 2009 por um grupo de estudiosos da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp). "Achávamos que estávamos criando algo inovador no mundo, mas depois descobrimos que obras semelhantes eram feitas anteriormente pelos Estados Unidos", conta o coordenador do projeto e professor do Instituto de Química da Unesp Elson Longo. Ele se refere ao cientista que iniciou a nova modalidade de arte no mundo, o americano Cris Orfescu.
Segundo o professor, o projeto Nanoarte teve início com a ideia de difundir a ciência para um público maior de uma forma diferente. "Queríamos mostrar para as pessoas a estrutura de um material em nanoescala. Para isso, colorimos as imagens e a transformamos em um quadro de pintura", explica. Longo afirma então que a ideia é fazer com que a população se interesse pela atividade dos cientistas e compreenda que os materiais possuem diferentes formas e propriedades.
As obras podem expostas em formato de fotografias ou vídeos. O grupo de pesquisadores está apresentando seus exemplares principalmente na região de São Paulo, mas elas também já circularam pela Europa e pelos Estados Unidos. Foi em Nova York que o Brasil obteve destaque, recebendo prêmios na Mostra Internacional de Nanoarte, ocorrida em 2010. A imagem Net-like, do pesquisador Ricardo Tranquilin, ficou em segundo lugar, e Bees at home, da técnica Daniela Caceta, obteve a quarta posição.
Os exemplares de nanoarte são vendidos a preços que vão de US$ 3 mil até US$ 14 mil. Para o professor da Unesp, o alto valor é justificável. "Quem pode ter um aparelho de mais de 1 milhão de euros para produzir uma obra como essa?", indaga, referindo-se ao custo do microscópio de alta resolução que possibilita a captação da figura. Além disso, Longo ressalta que pelo seu difícil e oneroso modo de produção as imagens obtidas acabam sendo únicas, diferente de obras tradicionais, que podem ter semelhanças entre si.
Os curiosos ou admiradores da nanoarte não precisam, porém, desembolsar tamanha quantia para apreciar as obras. Basta acessar o YouTube e pesquisar o assunto. É possível ainda encomendar um DVD com vídeos e fotos do projeto pelos e-mails de Elson Longo (elson@iq.unesp.br) ou dos autores das imagens Rorivaldo Camargo (rorivaldo@liec.ufscar.br) e Ricardo Tranquilim (ricas@liec.ufscar.br).
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