James Cameron tem abalado – literalmente e figurativamente – o mundo dos submarinistas. Um homem conhecido por filmes imaginativos como Titanic e Avatar, ele reinventou a maneira que as pessoas exploram o fundo do oceano, e este mês, revelou seu submersível e anunciou planos para navegá-lo sozinho até o recesso mais profundo do planeta, a Depressão Challenger, no Pacífico Ocidental, de quase sete quilômetros de profundidade.
Cameron chama seu submersível de torpedo vertical. O eixo de seu submarino de 24 metros de comprimento está na posição vertical, em vez de horizontal, acelerando o mergulho. Seu objetivo é cair e levantar o mais rápido possível para que ele possa maximizar o seu tempo investigando a escuridão do fundo do mar. Ele pretende espreitar o fundo do mar durante seis horas.
“É muito inteligente”, diz Alfred S. McLaren, um submarinista aposentado da Marinha que ajuda a administrar uma empresa que faz submersíveis.”Ninguém fez esse tipo de coisa antes. É uma ótima ideia, uma tremenda ideia”. Ele comparou Cameron a “um Steve Jobs subaquático – Difícil de conviver, mas muito criativo”. “Ele é impulsionado”, McLaren continuou. “Ele montou uma tremenda equipe técnica”. Em um mergulho de teste, Cameron já quebrou o recorde de profundidade moderno para veículos pilotados, descendo mais de cinco quilômetros.
“Ele fez algo radical”, disse Peter Girguis, um oceanógrafo de Harvard e chefe de um painel que supervisiona a frota de veículos de pesquisa no fundo do mar do país. “Ele deixou de lado a sabedoria convencional”.
Cameron vê sua criação – construída em segredo na Austrália por mais de oito anos – como uma enorme expansão do poder dos cientistas para explorar o abismo. Na expedição da Depressão Challenger, ele está trabalhando com a National Geographic Society, a Instituição Scripps de Oceanografia, a Universidade do Havaí e outros grupos científicos. “É muito divertido”, disse ele em uma entrevista durante testes no mar da Papua Nova Guiné. “Não há aventura maior no meu mundo”, afirmou o cineasta, que aguarda que os mares se aclamem para aquilo que especialistas chamam de uma tentativa audaciosa de lançar luz sobre um mundo oculto de formas de vida estranhas.
O mar profundo é muito mais difícil de explorar do que o espaço sideral. Longe de raios solares de aquecimento, a escuridão das profundezas se encontra em temperaturas próximas de zero. A água do mar também é corrosiva, muitas vezes cheia de detritos e em grande parte opaca à luz e ondas de rádio. Mais assustador ainda, é extremamente pesada. Na Depressão Challenger, as águas acima exercem uma pressão descendente de mais de oito toneladas por polegada quadrada.
A Challenger foi explorada apenas uma vez antes, em 1960, quando a Marinha dos Estados Unidos enviou dois homens, que ficaram submersos por 20 minutos. Embora a característica mais marcante do veículo de Cameron seja o seu eixo vertical, ele inova em outros aspectos, de acordo com especialistas da National Geographic, um dos patrocinadores da expedição. Seu site, detalha os avanços.
“Da perspectiva de um construtor de submarinos, isso é um avanço enorme”, disse Phil Nuytten, presidente da Nuytco Research, líder na fabricação de robôs submarinos e submersíveis. Enquanto Cameron pode ser mais conhecido por seus filmes do que por seus mergulhos submarinos, ele é tudo menos um diletante. “Muito poucas pessoas percebem que ele é um técnico muito bom. Este é o projeto de Jim. É seu bebê do início ao fim”, disse Nuytten, que trabalhou com Cameron em filmes como O Segredo do Abismo, de 1989.
Girguis, o oceanógrafo de Harvard, diz que a estreia do novo submersível sugere que a exploração profunda está entrando em uma nova fase de ambição.
“Oitenta por cento de nossa biosfera é o oceano profundo”, disse ele em entrevista. “É o momento certo para buscar novos limites. Não só no que diz respeito à tecnologia, mas também na nossa compreensão”.
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