Aplicativos para smartphones que permitem um chat instantâneo com outros usuários através da internet – como BlackBerry Messenger, WhatsApp e MSN Messenger – parecem, à primeira vista, decretar o fim do SMS. Esses mecanismos estão se popularizando por serem mais econômicos: não há cobrança por mensagem enviada, como é o caso do tradicional modo de envio de texto. Mas, especialistas acreditam que, na verdade, o SMS continua mais útil do que nunca, embora com uma diferença: a ferramenta têm cada vez mais sido usada por empresas e governos.
“Por mais que se pré-julgue que o SMS está fadado ao fim devido ao surgimento de novas interações, como redes sociais ou aplicativos móveis, o seu uso continua crescendo. Tudo indica que essas novas mecânicas estão vindo para complementar e não para substituir antigos ou atuais recursos”, afirma Daniel Bulach, gerente de negócios do ComuniKa, empresa do ramo de mobile business.
Com o incremento das vendas de smarthphones e das contratações de planos de banda larga para celulares, o SMS tende a ser menos utilizado por usuários para troca de mensagens interpessoais. Mas, novos usos têm feito desse mecanismo uma ferramenta eficaz de comunicação: empresas têm enviados SMS automáticos para lembrar os clientes cadastrados sobre vencimentos de boletos ou consultas médicas, informar sobre novidades e até mesmo para confirmar para os pais as presenças de seus filhos nos colégios. O usuário pode ainda acompanhar protocolos ou status do pedido, entrega da compra e saldos de programas de fidelização.
Já os governos podem utilizar a plataforma para comunicar a população sobre um possível desastre. A Prefeitura do Rio, por exemplo, em julho, fez simulações de desocupação de áreas de risco em caso de chuvas fortes em 20 comunidades da cidade. Agentes comunitários e lideranças foram alertados por torpedos sobre a previsão fictícia de chuva. Em seguida, foram novamente avisados por mensagem no celular para que começassem a mobilização. No início do ano, o município também fechou um acordo com uma operadora de celular para que os clientes da telefônica recebam gratuitamente até 10 torpedos por mês sobre previsões do tempo. Já o governo do Estado de São Paulo tem usado os torpedos para fazer alertas sobre dengue, como medidas a serem adotadas para evitar a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.
“O celular está onde o usuário está. Com o registro de catástrofes naturais cada vez mais frequente e tendo o governo a responsabilidade de preveni-las e remediá-las, há um contínuo incremento no uso do SMS nessa questão”, ressalta Daniel Bulach.
Em Gana e na Nigéria, o SMS é usado como forma de combater a falsificação de medicamentos, prática comum nesses países. O cliente, ao comprar o remédio, recebe um anexo na embalagem que, após ser raspado, revela um código. O consumidor pode enviar essa senha para uma central através de mensagem de texto. Depois, ele recebe a resposta dizendo se o medicamento é genuíno. O serviço é pago por empresas farmacêuticas que querem frustrar os falsificadores.
Daniel Marino, diretor da Na Mosca, empresa de Marketing Digital, alerta, no entanto, que o uso do SMS deve manter a política de envios apenas para as pessoas que aceitam e autorizam receber mensagens referentes a um determinado assunto. Além de serem penalizadas por regras nacionais sobre spam, as companhias que não respeitarem a privacidade de seus clientes podem acabar conquistando uma imagem negativa junto a eles:
“As empresas precisam dar mais valor às informações direcionadas ao seu público-alvo. Elas podem, por exemplo, criar promoções e brindes para incentivar seus clientes a se cadastrar para receber informações e novidades sobre produtos e serviços. Mas, muitas empresas ficam atirando para todos os lados e, assim, deixam de fidelizar seus consumidores e acabam ficando com uma imagem negativa junto a eles”.