Mais de 39,5 mil vagas oferecidas em vestibulares de instituições públicas de todo o País ficaram ociosas em 2009. O número representa 10% do total de vagas públicas oferecidas e um crescimento de 7,7% em relação a 2008, revelou o Censo do Ensino Superior, divulgado ontem pelo Ministério da Educação. Apenas no Estado de São Paulo, 9,8 mil vagas não foram preenchidas.
A maior parte da ociosidade está nas redes públicas municipais (27,6 mil) e estaduais (10 mil). Nos institutos e universidades federais sobraram 1,9 mil vagas.
Para o professor Oscar Hipólito, do Instituto Lobo de Educação, tal índice de ociosidade é 'vergonhoso'. 'É uma coisa que não deveria acontecer em um País com um número relativamente baixo de oferta de ensino superior, em especial de ensino público', disse. Ele acredita que uma das razões é a falta de planejamento em relação à demanda.
Hipólito lembra que, além do não preenchimento de vagas, a taxa de evasão preocupa. 'Com alguns cálculos estatísticos, vemos que 20% dos alunos que entraram no sistema saem antes de se formar. Esse patamar tem se mantido desde 2000.'
Saber exatamente onde e em que cursos estão as vagas ociosas deve ser uma prioridade do MEC, segundo Milton Linhares, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE). 'Dificilmente sobram vagas nos cursos mais elitizados, como Medicina, Direito. Talvez, grande parte das vagas não preenchidas esteja nas licenciaturas e Pedagogia', diz. 'Se isso for verdade, precisamos de ações urgentes de estímulo para a carreira docente. Já temos déficit de professores e, em matéria de educação, não podemos esperar', afirmou Linhares.
O consultor de ensino superior Carlos Monteiro chama atenção para as diferenças entre as entidades federais, estaduais e municipais. Segundo ele, o vestibular ainda é uma barreira nas federais e estaduais, mas a ociosidade tem outras causas nas municipais. 'Muitas das instituições municipais são autarquias. Apesar de cobrarem mensalidade, estão sucateadas, abandonadas. Algumas estão em processo de inconstitucionalidade.'
Retração.
A taxa de ociosidade é ainda maior na rede privada, onde sobraram 58% das 2,7 milhões de vagas abertas em 2009. A maioria das instituições tem autonomia para ampliar vagas e abrir novos cursos, mas a maior parte acaba não sendo preenchida. O censo também mostra queda no número de matrículas em cursos particulares - foram 41,3 mil a menos que em 2008. Ainda assim, os alunos das privadas representam 73,5% do total.
A rede federal foi a que mais se expandiu, com crescimento de 24% no número de alunos ingressantes no intervalo de um ano.
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