terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Células-tronco: fim de doação de órgãos para transplantes


Cientistas anunciaram nesta segunda-feira ter conseguido imprimir, pela primeira vez, objetos tridimensionais usando células-tronco embrionárias, um avanço na busca por produzir órgãos transplantáveis.
Uma vez ajustada, a tecnologia pode permitir aos cientistas criar tecidos humanos tridimensionais em laboratório, eliminando a necessidade de doação de órgãos para transplantes ou o uso de animais em testes para medicamentos, afirmaram os pesquisadores.
As células-tronco embrionárias humanas (hESCs, na sigla em inglês) podem se replicar indefinidamente e dar origem a qualquer tipo de célula do corpo humano.
Elas são apontadas como fontes de tecidos substitutos, reparando quase tudo, de corações a pulmões defeituosos a lesões na espinha, mal de Parkinson e até mesmo a calvície.
Os cientistas testaram previamente a impressão tridimensional, que utiliza tecnologia de jato de tinta, com outros tipos de células, inclusive as células-tronco adultas.
Até agora, as hESCs, que são mais versáteis do que células maduras, demonstraram ser muito frágeis.
"Este é um desenvolvimento científico que, esperamos e acreditamos, terá implicações de longo prazo imensamente valiosas para a testagem de medicamentos confiável sem animais, e em um prazo maior ainda, para a produção de órgãos para transplante sob encomenda", afirmou Jason King, da empresa britânica de células-tronco Roslin Cellab, que participou da pesquisa.
A equipe de cientistas utilizou uma impressora com "método de válvula", que depositou uma "biotinta" de líquido contendo células-tronco embrionárias cultivadas em laboratório.
As células foram expelidas com um minúsculo jato de ar e o fluxo foi controlado pela abertura e o fechamento de uma microválvula.
"Conseguimos imprimir milhões de células em minutos", explicou à AFP o co-autor do estudo, Will Shu, da Universidade Heriot-Watt de Edimburgo.
"A impressora tem tamanho similar ao de uma impressora de mesa a laser padrão", emendou.
As células vivas foram impressas em uma placa de petri e deixadas para se agregar e formar "o que chamamos de esferoide, que é como uma bola pequena" acrescentou Shu. Cada esferoide media menos que um milímetro.
O estudo foi publicado no periódico Biofabrication, uma publicação do Instituto de Física da Grã-Bretanha.
O experimento não foi concebido para criar nada, mas para demonstrar um método que não causaria danos às delicadas células.
"Mais importante, as células-tronco embrionárias impressas mantiveram sua pluripotência, ou seja, a habilidade de se diferenciar e formar qualquer outro tipo de célula" acrescentou o Instituto de Física em um comunicado.
Teoricamente, a equipe consegue imprimir qualquer forma, mas ainda não é capaz de recriar um órgão humano, que precisa de um emaranhado de vasos sanguíneos.
"O desafio de imprimir um órgão inteiro é ter esta estrutura vascular ali dentro para alimentar, permitindo aos tecidos sobreviver no longo prazo", explicou Shu. "Nós demos o primeiro passo nessa direção", acrescentou.
Outro grande obstáculo é harmonizar a ciência de instruir as células-tronco embrionárias para se tornar tipos específicos de tecidos.
Segundo Shu, a curto prazo, sua equipe visa a imprimir em 3D tecido hepático, que tem uma das estruturas biológicas mais simples.
Ele poderia ser então, utilizado em testes de medicamentos em laboratório, "o que se espera que elimine o uso de animais", afirmou.
"Eu espero que esta tecnologia possa ser executável no prazo de um ano ou dois", emendou.
Uma ideia por trás da busca de órgãos substitutos é desenvolver as células usando o próprio DNA do paciente para evitar a rejeição.
Mas esta área tem sido perseguida por críticas sobre o uso de embriões nos primeiros estágios de desenvolvimento, onde as células mais adaptáveis - ou pluripotentes - são encontradas.
Fonte - ciencia.com

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