Pela primeira vez, biólogos tiveram sucesso em gerar células-tronco humanas em embriões de porcos, tornando possível a proposta de desenvolver órgãos humanos em animais para transplante.
O
processo envolve a geração de células-tronco a partir da pele do paciente para
desenvolver o órgão desejado em um animal grande, como um porco, e depois
coletar o órgão para transplante. Já que o órgão foi feito a partir das células
do próprio paciente, o risco de rejeição do sistema imunológico seria mínimo.
Os
porcos em que os órgãos seriam cultivados seriam espécies de animais quimeras,
que são compostos de dois genomas diferentes. Eles seriam gerados ao implantar
células humanas em um embrião de porco, resultando em um animal composto por um
mix de células suínas e humanas.
Uma
equipe de biólogos, liderados por Jun Wu e Juan Carlos Izpisua Belmonte, do
Salk Institute, mostraram pela primeira vez que células-tronco humanas podem
contribuir na formação de tecidos de um porco, apesar da diferença evolutiva de
90 milhões de anos entre as duas espécies. Outro grupo, liderado por Tomoyuki
Yamaguchi e HIdeyuki Sato, da Universidade de Tóquio, e Hiromitsu Nakauchi, de
Stanford, reverteram diabetes em ratos de laboratório ao inserir glândulas
pancreáticas compostas de células de camundongos. Os dois estudos estabelecem a
viabilidade de cultivar órgãos humanos para transplante em animais. O objetivo,
porém, ainda está distante de ser concretizado.
Muitas
barreiras técnicas e éticas ainda precisam ser vencidas, mas a pesquisa está
avançando lado a lado com a grande demanda por órgãos para transplante; nos
EUA, são cerca de 76.000 pacientes na fila de espera. No Brasil, em junho de
2016, eram quase 42.000 pessoas na fila por um transplante.
A
criação de animais quimeras, especialmente aquelas com células humanas, pode
ser controversa, dada a possibilidade de que os animais usados para os
experimentos podem ser humanizados de forma indesejada.
Tanto
Juan Carlos quanto Hiromitsu Nakauchi concordam que ainda há um longo caminho a
ser percorrido até que órgãos humanos possam crescer em animais como porcos. As
quimeras serão usadas antes para estudar embriogênese humana, testar
medicamentos e seguir o progresso de doenças.
Fonte-opiniao
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