Países superam divergências para criar área
protegida de 1,6 milhão de quilômetros quadrados no Mar de Ross, um dos últimos
ecossistemas marinhos intactos do planeta, lar de pinguins, focas e baleias. Foi
estabelecida nesta sexta-feira (28/10) a criação da maior reserva marinha do
mundo, de território equivalente ao do Alasca, no Mar de Ross - localizada na
Antártida e um dos últimos ecossistemas marinhos intactos do planeta. O acordo
foi alcançado em reunião na Austrália entre 24 países e a União Europeia.
O acordo obtido durante a reunião anual da Convenção para a
Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártida (CCRVMA) em Hobart, na
Austrália, permitirá a criação de uma reserva numa área de 1,6 milhão de
quilômetros quadrados, que será protegida pela Nova Zelândia e pelos Estados
Unidos. As atividades pesqueiras serão proibidas num território equivalente a
três quartos do santuário.
Os EUA e a Nova Zelândia vinham há anos tentando obter consenso
sobre a criação da reserva, mas esbarravam na oposição da Rússia. No ano
passado, a China se posicionou favoravelmente à iniciativa, abrindo caminho
para que fosse finalmente acordada pelos membros da comissão, composta por 24
países - entre os quais, o Brasil - e pela União Europeia (UE).
O Mar de Ross, considerado um dos ambientes mais intactos no
planeta, abriga um terço da população mundial de pinguins de Adélia e 26% dos
pinguins imperadores de todo o mundo. A região possui vastas colônias de aves
marinhas, focas, peixes e baleias.
O local é fundamental para o estudo desses ecossistemas, além de
possibilitar a compreensão dos impactos das mudanças climáticas nos oceanos. É
um dos poucos lugares quase sem nenhum contato com seres humanos.
Diversos países promovem atividades pesqueiras no Mar de Ross. A
partir do final de 2017, porém, 72% da região serão uma zona de proibição de
pesca. Nas demais áreas, as atividades serão limitadas e monitoradas.
Foram “necessárias algumas mudanças na proposta, de modo a obter
o apoio unânime de todos os 25 membros da CCRVMA”, afirmou o ministro do
Exterior da Nova Zelândia, Murray McCully. "O acordo final equilibra a
proteção marinha, pesca sustentável e interesses da ciência."
O diretor do projeto Aliança do Oceano Antártico, Mike Walker,
disse que pela primeira vez os países puseram suas diferenças de lado para
proteger uma grande área do Oceano Antártico e das águas internacionais.
Esta é a primeira vez em que um grupo de nações colabora criar
uma área marítima de proteção no oceano aberto, que está fora da jurisdição de
todos os países.
O acordo entra em vigor em dezembro de 2017 e será válido por 35
anos na zona de proibição de pesca. Encerrado esse período, os países membros
da CCRVMA devem decidir por unanimidade a prorrogação da reserva, algo que não
deverá ser fácil, tendo em vista as dificuldades observadas no passado para
obter avanços nas negociações.
Além do Brasil, os países que integram a convenção são
Argentina, Austrália, Bélgica, Bulgária, Canadá, Chile, China, Ilhas Cook,
Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Índia, Itália, Japão, Coreia do Sul, Ilhas
Maurício, Namíbia, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Paquistão, Panamá, Peru,
Polônia, Rússia, África do Sul, Espanha, Suécia, Ucrânia, Reino Unido, Estados
Unidos, Uruguai e Vanuatu.
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