Em
junho de 2013, quando o “gigante acordou”, o reajuste de 20 centavos na
passagem de ônibus pode ter sido o estopim, mas não foi o único motivo para
milhões de brasileiros saírem às ruas. Reclamava-se muito do governo, da
corrupção, da falta de investimentos em educação e saúde. Pedia-se um “mundo
sem catracas”. Este ano, porém, os protestos tiveram uma causa pontual: foram
contra ou a favor do impeachment o que explica o atual silêncio nas ruas e o
sumiço das panelas.
Embora
os manifestantes de verde e amarelo tenham apontado o combate à corrupção como
causa maior, não voltaram às ruas desde 12 de maio, quando o Senado aprovou o afastamento
da presidente. Não incomodou, por exemplo, o fato de Temer ter afastado três
ministros em seu primeiro mês na presidência: Romero Jucá, Fabiano Silveira e
Henrique Eduardo Alves, por suspeita de corrupção. Nem que muitos ministros que
lhe restam estejam na mira da Lava Jato. Sejamos honestos: o importante é que Dilma não está mais no
comando.
Enquanto
isso, a ameaça de paralisar o país repetido por simpatizantes da presidente
durante o julgamento do impeachment no Senado simplesmente não se concretizou.
Os movimentos sindicais, a juventude petista, enfim, a onda vermelha também
sumiu das ruas. No momento do afastamento da presidente, muitos esperavam uma
grande reação das forças que a apoiavam. Entretanto, apesar da ideia de um país
dividido, as manifestações em seu favor não conseguiram mobilizar multidões.
Como se seus próprios simpatizantes reconhecessem que Dilma fez um governo
desastroso, que usava manobras fiscais para tapar buracos, que alienava até os
mais fiéis dos aliados, e por isso parecem ter desistido de trazê-la de volta.
Agora,
os movimentos “Fica Temer” e “Fora Temer” prometem voltar às ruas no próximo
dia 31, em atos simultâneos que devem servir para medir o humor do brasileiro
em relação à reviravolta em Brasília. A conferir. Até agora, o eleitor tem
adotado uma postura de esperar para ver. As pessoas parecem ter perdido, novamente,
o interesse pela política e que a
corrupção acabou.
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