Os especialistas advertem que “a substituição
do trabalho humano pela máquina” põe em risco o futuro das pessoas. Segundo
eles, “a descoberta desse poder antecedeu à noção de como empregá-lo
corretamente”. Essas preocupações refletem o receio que o progresso da
inteligência artificial (IA) possa eliminar milhões de empregos e ser uma
ameaça à humanidade. Mas palavras semelhantes foram ditas a respeito da
mecanização e da energia a vapor há dois séculos. Na época, as pessoas
referiam-se à “questão das máquinas” quando discutiam os perigos da utilização
da máquina como substituto do trabalho humano. Agora, especialistas em
tecnologia, economistas, filósofos, entre outros, discutem temas muito
parecidos sobre o impacto da IA na vida dos seres humanos.
Depois de muitas expectativas não
concretizadas, a IA fez progressos extraordinários nos últimos anos graças a
uma técnica versátil chamada “aprendizado profundo”. Com informações
suficientes, as redes neurais artificiais grandes (ou “profundas”), que têm um
modelo matemático inspirado na estrutura neural do cérebro humano, podem ser
treinadas a realizar uma infinidade de tarefas. As tecnologias de inteligência
artificial são usadas no mecanismo de busca do Google, no sistema automático de
fotos do Facebook, no assistente de voz da Apple, nas recomendações de compras
da Amazon e nos carros elétricos da Tesla que dispensam motorista.
Porém esse progresso rápido também é motivo de
preocupação quanto à segurança e à perda de empregos. Stephen Hawking e Elon
Musk, entre outros, temem que a inteligência artificial possa fugir ao controle
dos seres humanos e causar um conflito entre os homens e as máquinas. Outros se
preocupam com o desemprego disseminado, como resultado da automação de tarefas
feitas antes só pelos homens. Depois de 200 anos, a questão da máquina voltou à
discussão e as dúvidas precisam ser respondidas.
Mas, na verdade, os progressos tecnológicos dos
últimos anos criaram mais empregos, porque a automação de uma atividade precisa
ser complementada pelo trabalho humano em áreas que a máquina não domina. A
substituição de caixas de banco por caixas eletrônicos, por exemplo, diminuiu o
custo de abrir novas agências e, em consequência, criou mais empregos na área
de vendas e atendimento ao cliente.
Do mesmo modo, o comércio eletrônico expandiu
os empregos no setor de varejo. Assim como aconteceu com a introdução de
computadores nos escritórios, a IA, além de não substituir diretamente os
funcionários, exigirá que aprendam novos conhecimentos para complementá-la.
Embora um artigo muito citado tenha sugerido que 47% dos empregos nos Estados
Unidos correm o risco de serem automatizados nos próximos 10 a 20 anos, outros
estudos indicam que menos de 10% do trabalho humano será substituído por
máquinas.
Como a tecnologia muda as qualificações para o
exercício de cada profissão específica, as pessoas terão de se adaptar a um
novo contexto. O aprendizado e o treinamento terão de ser flexíveis o
suficiente para que o ensino de novos conhecimentos possa ser rápido e eficiente.
As mudanças tecnológicas também irão exigir um aprendizado contínuo, um
treinamento no local de trabalho, o uso mais amplo das atividades educacionais
online e da metodologia de simulação de jogos empresariais. A inteligência
artificial pode ajudar não só no aprendizado personalizado com o uso da
tecnologia, como também na identificação de deficiências e aptidões que
precisam ser atualizadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário