Em
apenas cinco dias, em fevereiro de 2015, presidente da Câmara gastou no crédito
em Paris US$ 1,3 mil no restaurante Gu Savoy, US$ 8,1 mil na loja de roupas
masculinas Textiles Astrum France, US$ 965,69 no restaurante Les Tablettes, US$
1.177 no Le Grand Vefour, US$ 15,8 mil no Hotel Plaza Athnee...
Os
dados sobre a vida de luxos e prazeres do deputado alvo da Operação Lava Jato
constam da nova denúncia que o procurador-geral da República Rodrigo Janot
apresentou ao Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira, 4, contra Eduardo
Cunha, desta vez por suposto recebimento na Suíça de mais de US$ 5 milhões em
propinas ‘por viabilizar a aquisição de um campo de petróleo em Benin, na
África, pela Petrobrás’.
Janot
mostra passo a passo como o deputado gastava bem em suas viagens ao exterior.
“Tais despesas, incompatíveis com o patrimônio lícito e declarado do denunciado
e pagas com dinheiro proveniente de desvios da Petrobrás continuaram mesmo após
a eleição de Eduardo Cunha para a presidente da Câmara dos deputados ocorrida
em fevereiro de 2015″, assinala o procurador.
Em
fevereiro de 2015, já ocupando o topo da hierarquia do Legislativo e depois de
passar alguns dias em Paris, Eduardo Cunha se deslocou até Portugal, onde
voltou a usar sem parcimônia o cartão de crédito, o rastreamento da
Procuradoria-Geral da República aponta US$ 1469, 49 deixados no restaurante Os
Arcos, em Paço D’Arcos e US$ 2.924,60 no Grande Real Villa Hotel, em Cascais.
A
quebra do sigilo do cartão de crédito do deputado deixou impressionado o
procurador. “Referidos extratos demonstram despesas completamente incompatíveis
com os rendimentos lícitos declarados do denunciado (Eduardo Cunha) e seus familiares.”
À
página 34 da denúncia, Janot destaca a longa sequência de gastos realizados
pelo presidente da Câmara. No dia 28 de fevereiro de 2012, US$ 1.041 em um
jantar no Nobu Restaurant em Miami Beach; no mesmo dia deixou US$ 824 no restaurante
italiano Quattro. No dia 29, US$ 2.327, 25 na loja de roupas de ghife Saks
Fifth Avenue e mais US$ 3.803,85 em outra loja, a Salvatore Ferragamo, e mais
US$ 576 no restaurante Carpaccio Bal Harbor…
A
denúncia pede a devolução dos valores apreendidos nas contas secretas de
Eduardo Cunha e a reparação dos danos materiais e morais no valor de duas vezes
a propina cobrada, além da perda da função pública e do mandato.
“A
atuação de Eduardo Cunha foi para garantir a manutenção do esquema ilícito no
âmbito da Petrobras, mais especificamente na Diretoria Internacional, ao mesmo
tempo em que para facilitar e não colocar obstáculos na aquisição do Bloco de
Benin. O bloco foi adquirido da companhia Compagnie Béninoise des Hydrocarbures
Sarl (CBH), pelo valor de US$ 34,5 milhões, correspondentes a R$ 138,34
milhões. Como era um dos responsáveis do PMDB pela indicação e manutenção do
então diretor da Área Internacional no cargo, Jorge Zelada, Cunha recebia um
porcentual dos negócios.”
Segundo
Janot, foi apurado que o presidente da Câmara recebeu, em 2010 até maio e junho
de 2011, ‘a título de propina, o valor de US$ 1,318 milhão, a partir da conta
Z203217, no Banco BSI, da offshore Acona International Investments.
Com
o objetivo de dissimular e ocultar esse recebimento, entre 31 de maio de 2011
até 11 de abril de 2014, o dinheiro foi mantido na conta 4548.1602 do trust
Orion SP, com sede em Edimburgo, no Reino Unido (conta no Banco Julius Bär,
anteriormente Banco Merrill Lynch, em Genebra, na Suíça).
Rodrigo
Janot assinala que em julho de 2009 e em julho de 2013, ao fazer o registro de
suas candidaturas a deputado federal, o peemedebista omitiu as contas, ‘com o
intuito de ocultar os valores e o patrimônio incompatível que possuía no
exterior’.
Em
julho de 2009, omitiu a quantia correspondente a R$ 15,38 milhões (US$ 3,83
milhões), que possuía nas contas Orion SP e Triumph SP. O rastreamento mostra,
ainda, que em julho de 2013 Eduardo Cunha omitiu a quantia correspondente a R$
12,34 milhões (US$ 3.077 milhão), que possuía nas contas. “Nenhum dos depósitos
foi declarado ao Banco Central nem à Receita Federal.”
Fonte-oestadao
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