quarta-feira, 29 de abril de 2015

Quantos átomos do metal amarelo é preciso para fazer ouro?

A pergunta acima pode parecer estranha: afinal, um átomo não é a menor partícula de um determinado elemento?
Talvez seja, mas o fato é que, com o advento da nanotecnologia, ficou claro que os elementos comportam-se de forma muito diferente quando suas dimensões são reduzidas a ponto de serem formados por um número "contável" de átomos.
No caso do ouro, cientistas da Universidade de Jyvaskyla, na Finlândia, viram que o comportamento do metal em quantidades atômicas é tão estranho que eles decidiram ir avaliando as propriedades do elemento adicionando átomo por átomo, até descobrir quando emergem as bem conhecidas características do ouro em escala macroscópica.
Satu Mustalahti e seus colegas demonstraram que o "padrão ouro metálico" só emerge quando são agregados pelo menos 144 átomos de ouro - em princípio, a análise do aglomerado de 144 átomos revela os mesmos comportamentos do ouro em bruto, com "zilhões" de átomos.
Para tirar a prova, a equipe comparou aglomerados com 144 átomos de ouro, com outros, com apenas 102 átomos. O experimento foi feito disparando um laser em uma solução contendo os aglomerados de ouro e medindo como a energia se dissipa de cada um deles para o solvente ao redor.
Os resultados mostraram que o aglomerado de 102 átomos não se comporta como um metal, mas como uma molécula gigante.
"As moléculas comportam-se de forma drasticamente diferente dos metais," explica o professor Mika Pettersson, orientador da equipe. "A energia adicional da luz, absorvida pelo aglomerado tipo metálico [144 átomos], transfere-se para o ambiente de forma extremamente rápida, em cerca de 1 bilionésimo de segundo, enquanto o aglomerado tipo molécula [102 átomos] é excitado para um estado mais elevado de energia e dissipa a energia para o ambiente pelo menos 100 vezes mais lentamente."
Além disso, o aglomerado menor apresenta até mesmo um estado magnético transiente, típico das moléculas, enquanto o aglomerado maior já é definitivamente um metal.
Embora os pesquisadores já soubessem que as nanopartículas têm suas próprias idiossincrasias, estes experimentos começam a mostrar fronteiras importantes para várias áreas de pesquisa.
Por exemplo, até que ponto um material considerado inerte e biocompatível em escala macroscópica pode ser considerado seguro quando pulverizado em nanopartículas?
Fonte-TI

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