Cientistas
desenvolveram uma molécula capaz de bloquear a infecção do vírus da Aids, uma
descoberta que pode abrir caminho para uma nova terapia e uma vacina
alternativa de combate ao avanço da doença.
Pesquisadores
vêm tentando há três décadas desenvolver uma vacina eficaz contra o vírus da
imunodeficiência humana, que causa a AIDS. Eles também têm buscado uma maneira
de curar pessoas infectadas. Mas o vírus, em constante evolução, frustrou todas
as tentativas anteriores.
Agora,
uma equipe do Instituto de Pesquisa Scripps afirma ter identificado um caminho
para impedir a infecção pelo HIV nas células. Eles usaram uma técnica que se
assemelha à terapia gênica ao invés da abordagem que busca induzir uma resposta
do sistema imunológico.
O
HIV normalmente invade a célula através de dois receptores. A nova proteína
bloqueia os dois locais onde o vírus se conecta, fechando assim as portas de
entrada. Por aderir a ambos os receptores em vez de apenas um, a proteína,
chamada eCD4-IG, bloqueia mais cepas do HIV que qualquer um dos poderosos
anticorpos que vêm sendo usados para tentar inibir o vírus, segundo os
estudiosos. A pesquisa foi publicada na última quarta-feira, 18, na revista
Nature.
“É
absolutamente 100% efetivo. Não há dúvida de que esse é, de longe, o melhor
inibidor da entrada do vírus desenvolvido até hoje”, disse o professor de
doenças infecciosas no Scripps e autor da pesquisa, Michael Farzan. A
descoberta ainda não foi testada em humanos, mas apenas em quatro macacos.
“Essa
pesquisa inovadora é uma promessa de que nos movemos em direção a dois
objetivos importantes: assegurar a proteção em longo prazo da infecção pelo HIV
e colocar o vírus em remissão sustentada em pessoas cronicamente infectadas”,
disse o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos
EUA, Anthony Fauci.
Cientistas
que não estão envolvidos no projeto dizem que a estratégia parece promissora e
que a equipe deve partir rapidamente para a fase de testes em humanos. Segundo
estimativas, 35 milhões de pessoas estão infectadas pelo vírus em todo o mundo,
porém somente 13,6 milhões recebem tratamento adequado para conter a evolução
do vírus, impedindo que ele se multiplique e permitindo que os pacientes tenham
qualidade de vida.
Farzan
disse que espera que os testes em humanos comecem em um ano. Até lá, mais
testes em animais serão realizados para garantir a segurança da descoberta. O
primeiro passo, segundo o pesquisador, será avaliar a capacidade da molécula em
manter os níveis do vírus estagnados nas pessoas infectadas. Depois será
testada a eficácia da molécula como vacina em pessoas que não têm o vírus, mas
tem alto risco de infecção.
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