A
nanotecnologia tem feito muitas promessas, e conquistado várias realizações.
Mas,
como toda nova tecnologia, há riscos envolvidos no uso das nanopartículas e
outros materiais que diâmetros menores do que as células, os chamados
nanomateriais - e esses riscos não são ainda conhecidos.
Em
função de sua pequena dimensão, os nanomateriais apresentam propriedades
especiais e, dependendo de suas características, podem manifestar efeitos
quânticos, especialmente quando seu tamanho atinge dimensões inferiores a 10
nanômetros - por exemplo, o ouro é inerte e biocompatível, mas nanopartículas
de ouro podem fazer mal à saúde.
Descobrir
os potenciais riscos da nanotecnologia - para os consumidores e para os
trabalhadores que fabricam esses materiais - é um dos principais objetivos de
um novo laboratório instalado por pesquisadores da USP (Universidade de São
Paulo).
O
Laboratório de Moagem de Alta Energia, Materiais de Carbono e Compósitos para
Altas Temperaturas (LM²C²) tem como uma de suas linhas de pesquisa a análise de
risco e tomada de decisões visando ao uso seguro de nanomateriais, com foco na
saúde, na segurança e no meio ambiente.
A
preocupação com os riscos dos materiais usados pela nanotecnologia é
especialmente forte em relação aos trabalhadores, que estão expostos aos
nanomateriais em sua forma mais pura, em grandes concentrações e por um período
de tempo maior, quando comparado aos consumidores em geral.
Ocorre
que os cientistas ainda não sabem exatamente o que os nanomateriais podem
causar ao entrar em contato com o ser humano, o que é necessário para definir
limites seguros de exposição e de conteúdo nos produtos.
"O
que é importante é a definição do nível aceitável, e que os resultados sejam
avaliados de forma dinâmica, incorporando-se às novas descobertas de modo que o
benefício para todos seja maximizado e os riscos minimizados", explica o
professor Guilherme Frederico Lenz e Silva.
De
acordo com o professor, o controle das condições do local de trabalho, do grau
de exposição e a avaliação do nível de contaminação nem sempre são feitos de
maneira apropriada. Há a necessidade, por exemplo, de novos equipamentos e ferramentas
com capacidades e resoluções mais precisas para a detecção das partículas
nanométricas em menores concentrações no ambiente.
A
maioria das novas empresas, que surgem tentando colocar produtos
nanotecnológicos no mercado, possui poucos recursos financeiros, conhecimento
ou pessoal especializado na área de segurança, especialmente quando se trata do
controle dos riscos envolvidos com o manuseio, estocagem, incorporação e
descarte adequado dos nanomateriais, acrescenta o pesquisador.
A
adaptação das leis, na maioria dos países, acontece de maneira mais lenta em
relação ao desenvolvimento tecnológico. Neste campo, a evolução do debate, a
participação e o engajamento do público, do setor empresarial e dos diversos
níveis de governo é o que impulsiona a evolução das normas.
No
Brasil, várias discussões sobre nanotecnologia e toxicidade começaram a ser
realizadas a partir de 2009, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, com a criação de grupos de trabalhos sobre o tema. Porém,
ainda não há previsão de mudança da legislação.
Segundo
o pesquisador, contudo, mesmo não existindo legislação
"nanoespecífica", as várias leis, decretos, normas e mesmo a
Constituição Brasileira já apresentam elementos que protegem a sociedade e o
meio ambiente de eventuais desvios e danos do desenvolvimento tecnológico.
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