Nos
EUA, as crianças passam em média cerca de duas horas por dia diante da TV, e os
adultos, três, explicou Zimmerman em entrevista ao jornal parisiense ”Le
Monde”.
Para
o especialista, o maior problema provém do fato de as crianças em tenra idade
serem abandonadas regularmente diante da tela ao atingirem nove meses de vida.
Nessa
idade, os bebês são incapazes de compreender aquilo que vêem, até mesmo os
próprios entretenimentos.
No
caso de crianças maiores e adultos, pelo fato de não ser usada com moderação, a
televisão vira hábito muito cedo e impede o desenvolvimento das capacidades
fundamentais.
Diz-se
que a TV serve para distrair, acrescenta o autor, mas a pesquisas apontam que o
usuário está pouco relaxado após passar a tarde diante dela.
“Passar
entre três ou quatro horas diante da TV cada dia e ao mesmo tempo se queixar de
que não há tempo para cozinhar, cultivar as relações sociais ou praticar
regularmente um esporte é uma coisa absurda”, defende Zimmerman.
O
aumento do índice de obesidade das crianças criadas junto ao monitor, o assédio
da propaganda que incita ao consumo “traz uma perda importante para os cérebros
em crescimento”.
Nos
três primeiros anos de vida, o cérebro triplica em tamanho e tanto a
complexidade como a densidade das redes neuronais também crescem.
E
não é só o órgão cerebral: a própria personalidade se forma no ambiente que
rodeia as crianças.
“É
uma tragédia ver crianças que passam até a metade do tempo que acordadas diante
de um monitor que não lhes oferece nenhuma experiência interessante ou
produtiva”.
“Meus
trabalhos mostram que as crianças que olham a televisão acima da média antes de
atingirem os 3 anos apresentam rendimentos claramente inferiores em matéria de
leitura e matemática na hora de entrar na escolinha.
“Num
outro estudo, eu mostrei que a televisão antes de 2 anos prejudica seriamente o
desenvolvimento da linguagem, ainda que assistam a uma programação feita de
vídeos ‘educativos’.”
Antes
de entrar na escolinha, as crianças consolidam a capacidade de fixar a atenção
e de programar suas ações visando um objetivo.
“Recentemente,
um estudo fascinante demonstrou que só nove minutos de um desenho animado
degrada claramente esta capacidade. O resultado não me surpreendeu nada. Eu já
tinha identificado um efeito similar”, explicou o professor.
Os
maus efeitos constatados são reversíveis, mas a um grande preço. O jovem terá
depois uma rude tarefa para recuperar seu atraso.
Para
o Prof. Zimmerman, ainda não está provado que o uso dos computadores seja menos
nocivo para bebês e criancinhas.
Embora
muitos jogos e a Internet pareçam interativos, não está nada claro que o
espírito da criança esteja verdadeiramente engajado nessa interação.
“Considerando
os níveis de utilização baixíssimos da ‘televisão educativa’, eu temo que não
seja realista acreditar que o potencial da Internet será melhor aproveitado”,
concluiu o especialista.
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