Muito
se fala sobre os carros mais visados pelos ladrões, mas pouco se comenta sobre
seus desafetos, aqueles veículos que entre muitos outros estacionados serão as
suas últimas opções. Obviamente, não é possível questionar os criminosos sobre
os motivos que os fazem desistir de certo carro, mas especialistas em roubos e
furtos de veículos conseguem delinear quais características costumam deixar o
carro menos “roubável” ao estudar os históricos deste tipo de crime.
Conforme
explica Luiz Pomarole, membro da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg)
existem dois objetivos principais que motivam os roubos: “Um dos objetivos é a
revenda dos carros; e o outro, muito mais comum, é a revenda de peças no
mercado paralelo”. Observando quais são as peças e os modelos mais buscados por
compradores, portanto, é possível identificar também o que o ladrão irá buscar
para abastecer o mercado negro.
Segundo
o Capitão Cleodato Moisés do Nascimento, porta-voz da Polícia Militar de São
Paulo, ainda há outros dois pontos que explicam a lógica dos roubos: “O ladrão
também procura os carros que serão mais dificilmente localizados pela polícia e
os carros úteis para usar em outros crimes”.
Veja
a seguir 10 características que os ladrões não gostam em um carro, ou que podem
ser um critério de desempate na hora que eles decidem qual carro roubar.
1ª)
Cores chamativas
Os
carros com cores mais chamativas são evitados pelos ladrões por dois motivos: a
maior facilidade de localização do veículo depois de roubado; e a menor procura
no mercado paralelo, tanto por conta da maior dificuldade de revenda (por serem
carros que não agradam a todos os gostos), quanto pelo fato de as peças
coloridas serem menos buscadas para reposição.
“O
criminoso evita cores mais chamativas. Já os carros com cores padrão, como
branco, preto e prata, são os preferidos, porque se misturam na intensidade dos
outros veículos em uma fuga e são mais buscados no mercado negro”, explica
capitão Moisés.
2ª)
Carros importados e de alto valor
São
carros que normalmente chamam muita atenção, por isso, apesar do alto preço,
são modelos desvalorizados pelos ladrões. “O ladrão tem medo de ser notado na
rua com um carro desses porque é o tipo de carro que todo mundo olha. Além
disso, estes carros costumam ter sistemas de segurança mais avançados, que
dificultam o roubo”, esclarece Luiz Pomarole.
E
ainda, como os carros importados e de alto valor são menos populares, há menos
procura por este tipo de carro para revenda e também uma menor demanda por
peças de reposição.
3ª)
Carros menos populares
Os
especialistas explicam que muitos roubos são resultados de encomendas. Sendo
assim, qualquer tipo de veículo pode ser um alvo, desde que o mercado paralelo
tenha um comprador interessado. Porém, os modelos menos comuns, apesar de não
serem totalmente protegidos destas encomendas, acabam sendo menos roubados que
os populares por estarem em menor quantidade.
“O
carro menos popular tem menos risco de ser alvo porque o criminoso rouba e
furta para vender no desmanche. Por isso, ele vai pegar o carro que tenha
comércio mais rotativo. Não adianta pegar um carro que as pessoas não estão
usando”, explica o capitão da PM.
4ª)
Rodas básicas
“As
rodas são o principal alvo dos roubos hoje em dia porque são vendidas muito
facilmente. Como não existe uma identificação da roda com o veículo roubado,
muita gente acaba comprando as rodas em qualquer lugar sem saber se elas são
fruto de um roubo”, diz o porta-voz da PM.
Moisés
explica que, como muitos roubos são motivados principalmente pelas rodas, os
carros com rodas mais básicas acabam mais ignorados pelos ladrões do que os
carros com rodas de liga leve, por exemplo. E ainda, se o objetivo for roubar certo
modelo de veículo e o ladrão encontrar dois carros do mesmo modelo, ele irá
preferir aquele que tiver as rodas em melhores condições.
5ª)
Picapes e SUVs movidos a gasolina
Boa
parte dos modelos de picapes e SUVs são vendidas com duas opções de motores:
movido a diesel ou a gasolina. Segundo Pomarole, os modelos movidos a gasolina
são muito menos visados do que os movidos a diesel. “O motor diesel roda muito
e, por isso, tem mais necessidade de reparos e a demanda por peças é mais alta.
Por isso, nestas categorias, os carros movidos a gasolina são menos visados. A
Pajero movida a gasolina, por exemplo, tem menor incidência de roubo”, afirma.
Ele
também acrescenta que, como o motor a diesel costuma ser mais caro, ele também
é muito buscado no mercado paralelo por compradores que buscam um preço mais
acessível.
6ª)
Carros sem acessórios externos
“Os
carros com acessórios externos têm sido preferidos por ladrões, justamente por
deixarem à mostra itens que são visados por eles”, afirma Pomarole. Ele diz que
alguns dos acessórios externos mais visados são os estribos (peça que fica na
lateral do carro e serve como suporte para subir em carros altos) e os estepes,
peças que são muito roubadas por terem alta demanda no mercado paralelo.
Os
estepes, por exemplo, podem estar localizados tanto dentro quanto fora do
veículo. Se o objetivo for apenas furtar a peça, carros com estepe interno são
menos buscados por dificultarem a ação. E ainda, se o ladrão estiver na dúvida
entre dois carros parecidos, o item à mostra pode servir como critério de
desempate. “Entre um Fiat sem estepe e um modelo Adventure, que vem com estepe
externo, o ladrão vai preferir o Adventure”, afirma Pomarole.
7ª)
Som de fábrica
Os
rádios são um atrativo para os ladrões e muitas vezes são o objetivo principal
do furto ou roubo. Segundo o porta-voz da PM, aparelhos de som de fábrica são
menos vantajosos para os ladrões porque só servem para aquele modelo de carro.
Em alguns casos, até param de funcionar quando desinstalados. “O criminoso já
sabe que este tipo de rádio pode ser danificado se retirado do carro. E mesmo
que não seja, eles também já sabem que os aparelhos de fábrica não têm tanto
comércio quanto outros rádios que eles podem instalar em qualquer carro”,
explica Moisés.
Ele
também explica que os carros com rádios mais básicos são menos visados. “Hoje o
criminoso está mais atento ao que é bom e o que não é. Quanto mais básico o
aparelho, menos chamará a atenção. Aparelhos com DVD e GPS, por exemplo, têm
sido bastante roubados”, diz o capitão.
8ª)
Travas manuais
Moisés
explica que, apesar de existirem sistemas mais avançados, as travas manuais
podem inibir a ação do ladrão ao serem avistadas. “As travas de volante e as
travas de câmbio acabam criando um grau de dificuldade para a ação do criminoso
e ele pode deixar de agir ao ver a trava. Não vai evitar 100%, mas vai
dificultar o roubo”, diz.
Pomarole
concorda que se o ladrão olhar a trava pelo vidro do carro, ele pode desistir
de roubar o veículo, mas ressalta que este sistema de segurança pode ser
altamente falível. “A trava não evita o roubo (quando a vítima está presente),
apenas pode evitar o furto (quando a vítima está ausente). E nem sempre o
motorista ativa a trava, às vezes ele esquece, ou não aciona porque logo vai
voltar para o carro”, diz. Ele acrescenta que sistemas como rastreadores e
localizadores, por exemplo, são mais eficientes porque não dependem do
acionamento manual e ajudam o motorista a encontrar o veículo depois que o
roubo foi consumado.
9ª)
Insulfilm
Em
um roubo, o uso do insulfilm pode evitar a aproximação do ladrão, uma vez que a
película o impede de ver com clareza quem está dentro do carro. E no caso do
furto pode dificultar a visualização de objetos deixados no interior do veículo
que chamariam sua atenção.
No
entanto, o item pode ser um tanto controverso: “Em um roubo, o ladrão pode
preferir um carro sem insulfilm porque sabe quem está dentro do carro. Mas, ao
mesmo tempo, em um furto, o ladrão pode preferir carros com insulfilm porque,
ao fugir com o carro, ele ficará menos visível”, explica Pomarole. O insulfilm
também não será eficaz no caso de um roubo programado, em que o ladrão já sabe
quem é a sua vítima e, portanto, quem está dentro do carro.
10ª)
Carros básicos
Os
carros básicos naturalmente têm menos valor de revenda do que os mais
equipados. Além disso, ao serem desmontados, terão peças mais baratas e menos
acessórios do que os carros mais sofisticados. “Um painel atrativo, por
exemplo, hoje em dia chama muito a atenção do ladrão quando o carro está
estacionado em via pública”, explica o capitão Cleodato Moisés.
Os
carros mais equipados muitas vezes também são roubados para que suas peças
deixem os carros mais básicos da mesma linha mais equipados. É o que acontece,
por exemplo, com modelos como o Renault Sandero, que está na lista dos 10
carros mais roubados em julho. É um carro que tem muitas versões, então alguns
motoristas compram o modelo mais básico e depois buscam acessórios e outras
peças para deixá-lo mais equipado.
Fonte-exame
Nenhum comentário:
Postar um comentário