Apesar de autoridades brasileiras
terem expressado indignação com as revelações de que a Agência de Segurança
Nacional americana espionou a presidente Dilma Rousseff, até agora nenhum
funcionário do alto escalão chegou a dizer que a visita da presidente aos EUA,
marcada para outubro, corre o risco de ser cancelada.
O governo brasileiro, entretanto,
está tomando algumas medidas concretas para se proteger da espionagem que vão
além da retórica de condenações verbais. O general brasileiro Sinclair Mayer,
por exemplo, que dirige o Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército,
contou a parlamentares detalhes sobre um plano para construir cabos de internet
submarinos ligando o Brasil à Europa e à África, em um esforço para
redirecionar o tráfego da internet que hoje atravessa os Estados Unidos.
O Brasil também disse em agosto que
tinha escolhido uma parceria entre duas empresas europeias para construir um
satélite para uso militar e civil, numa tentativa de garantir a soberania de
comunicações importantes e evitar a bisbilhotice dos EUA. O governo pediu,
ainda, aos serviços postais do país para desenvolver um sistema de e-mail
nacional que permita aos usuários trocar mensagens criptografadas
gratuitamente. O novo sistema, previsto para entrar em operação em 2014, tem a
pretensão de ser uma alternativa aos serviços americanos, como Gmail e Hotmail.
Apesar de todo o alvoroço que a
espionagem provocou no governo, é improvável que a presidente cancele sua
visita aos EUA em outubro. A visita é tida como uma oportunidade para Brasil e
EUA aprofundarem a cooperação comercial, com grandes benefícios para o Brasil.
O início de negociações sérias sobre um tratado fiscal, por exemplo, o que
impediria a dupla tributação de investimentos e bens, é visto nos EUA como uma
das prioridades da visita de outubro.
O Brasil é a sétima maior economia do
mundo, mas é a única das dez maiores com a qual os EUA não tem um tratado tributário
para evitar a dupla cobrança de impostos. Hoje, o Brasil é o nono maior
parceiro comercial dos Estados Unidos.
Fonte-opinião
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