O
câncer de pâncreas é uma doença terrível. Mesmo em países ricos, apenas cerca
de 4% das pessoas que são diagnosticadas com esse tipo da doença permanecem
vivas cinco anos depois. Nos EUA, essa é a terceira causa mais frequente de
mortes por câncer entre mulheres, atrás apenas dos cânceres de pulmão e mama;
entre os homens essa é a quarta causa mais frequente, atrás do câncer de
pulmão, de próstata e colorretal. Infelizmente, houve pouco progresso no
tratamento dessa moléstia no último quarto de século.
O
câncer de pâncreas é tão letal devido ao fato de que se torna metastático muito
rapidamente. A disseminação de tumores secundários pelo corpo compromete outros
órgãos e se revelou impossível de interromper. Mas um grupo de pesquisadores
liderado por Claudia Gravekamp do Albert Einstein College of Medicine, em Nova
York, teve uma ideia intrigante para lidar com esse processo. Conforme
descreveram em um artigo no periódico Proceedings of the National Academy
of Sciences, eles planejam fazer isso ao infectar pessoas com bactérias
radioativas.
Gravekamp
teve esse ideia após ter descoberto que as bactérias enfraquecidas que estava
usando para outros propósitos em ratos portadores de tumores, e que foram
expelidas da maior parte do corpo do animal por seu sistema imunológico ao
longo de alguns dias, permaneceram nos tumores. Isso se deve graças à
habilidade evolutiva das células cancerígenas de suprimir as atividades do
sistema imunológico ligadas a elas. Sem essa habilidade, os cânceres ficariam
vulneráveis a ataques do sistema imunológico.
Logo,
Gravekamp e sua equipe se deram conta de que as bactérias desenvolvidas por
eles poderiam ser usadas para transportar agentes anticâncer especificamente
para tumores. De início eles consideraram usar remédios, mas, seguindo o
conselho de Ekaterina Dadachova, radiologista e uma das autoras do artigo, a
equipe acabou anexando um isótopo de rênio às bactérias.
O
rênio radioativo é comumente usado em radioterapias convencionais. A esperança
de Gravekamp era que as bactérias, que se instalam no câncer, proporcionariam
uma nova maneira de solucionar o maior problema da radioterapia: garantir que o
tumor em si seja alvejado com vigor e minimizar a quantidade de radiação que
atinge as áreas ao redor.
E
foi isso, mais ou menos, o que aconteceu. As bactérias toleraram as cargas de
radioatividade sem muitas queixas. Em ratos com câncer de pâncreas, uma bateria
de vários tratamentos eliminou cerca de 90% dos tumores metastáticos e também
provocou uma redução considerável no tumor original. Sabe-se que a mira da
técnica não foi perfeita. Os rins e fígados dos animais, em particular,
receberam altas doses de radiação – mais altas que aquelas que atingiram os
tumores. Felizmente, isso não parece ser tão importante assim, uma vez que as altas
doses de radiação recebidas pelos rins e fígado não parecem ter causado muitos
danos.
Fonte-opinião
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