Uma pesquisa publicada pela revista
PloS Medicine aponta que testes caseiros para detectar HIV são uma boa
alternativa para combater a epidemia da AIDS. O estudo, feito na Universidade McGill,
Canadá, revelou que o estigma e o medo ainda impedem pessoas de comparecer a um
centro de saúde para fazer o exame.
A pesquisa foi feita com base em 21
estudos anteriores que avaliaram a estratégia do autoteste em sete países e
contou com a participação de 12.402 voluntários. O teste feito em casa detecta
a doença pela saliva e tem alta aceitabilidade. Entre 61% e 91% dos voluntários
declararam preferir o teste caseiro ao feito em unidades de saúde. De acordo com o estudo, a privacidade é o
principal motivo da preferência.
Nitika Pant Pai, uma das autoras da
pesquisa, diz que mesmo em países desenvolvidos ainda há discriminação contra o
diagnóstico positivo do HIV. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 40% dos
pacientes com HIV chegam aos hospitais com infecção avançada.
No Brasil, o teste caseiro ainda não
é aprovado. Maria Clara Gianna, coordenadora do Programa Estadual de
DST/Aids-SP, acredita que a estratégia deveria ser testada no país, mas que a
realização do teste caseiro representa uma quebra de paradigma. “Hoje,
identificamos como principal estratégia a realização de testes nos serviços de
saúde, com acolhimento e orientação”, diz a coordenadora.
O infectologista Olavo Henrique
Munhoz também acredita que a aceitação do teste é uma mudança de abordagem.
“Passamos anos a fio falando da importância do aconselhamento pré-teste. Mas os
resultados mostram que as pessoas aderem muito mais fazendo o teste sozinhas em
casa”, diz Munhoz.
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