A memória é
uma estrutura evoluída com um trabalho a fazer. Sua função é preservar seu dono
e fazê-lo se reproduzir. A perfeição não é necessária, apenas adequação. Com
efeito, o esquecimento seletivo de coisas inúteis é tão importante quando a
lembrança de coisas úteis. Boa parte desta triagem ocorre durante o sono, como
observam dois estudos publicados no periódico Nature Neuroscience desta semana.
Um desses
estudos é uma revisão de estudos anteriores, assinado por Robert Stickgold da
Universidade Harvard e Matthew Waler da Universidade da Califórnia, Berkeley.
Eles postulam que o sono atua como uma forma de triagem – primeiro escolhendo o
que reter, e depois selecionando a forma de renteção. O outro estudo, do Dr.
Walker e seu colega Bryce Mandar, compara o processo em jovens e idosos.
Um dos estudos
que o Dr. Stickgold e Dr. Walker examinam em sua revisão constatou que o sono
de fato contribui no sentido de ajudar as pessoas a descartarem informações que
foram orientadas a esquecer. Quão mais frequentemente alguém experimente ondas
cerebrais conhecidas como fuso do sono, mais seu cérebro descarta itens que
deveriam ser descartados. Logo, em vez de esquecer passivamente, o cérebro
parece se desfazer de memórias de modo ativo.
O sono também
ajuda a guiar memórias que devem ser retidas em rotas particulares – a
lembrança de padrões, por exemplo, em oposição a fatos. Em dois outros estudos
examinados pela revisão, alguns bebês de quinze meses de idade foram expostos a
padrões de uma gramática falsa em que a primeira sílaba de uma palavra sem
significado antecipava a última. Apenas aqueles que cochilaram por quatro horas
conseguiram reconhecer o padrão mais tarde no mesmo dia ou no dia seguinte.
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