Como todas as melhores ideias, esta
surgiu em um bar. Nick Goldman e Ewan Birney, do Instituto de Bioinformática
Europeu (EBI, na sigla em inglês), próximo a Cambridge, consideravam o que
poderiam fazer com a enorme quantidade de dados genômicos gerada por seu grupo
de pesquisas que tinha que ser armazenada.
O volume dos dados está crescendo
mais rapidamente do que a capacidade dos discos rígidos usados para
armazená-los. “Isso quer dizer que o custo do armazenamento está subindo, mas
os nossos orçamentos não estão”, afirma Dr. Goldman. Após algumas cervejas, a
dupla começou a especular se DNA criado artificialmente poderia ser um modo de
armazenar o fluxo de dados gerado por sua versão natural. Após mais algumas
doses e muitos rabiscos em bolachas de chope, o que começara como uma
especulação divertida se transformou na espinha dorsal de um esquema factível.
Após algum detalhamento e um teste bem-sucedido, os detalhes completos foram
publicados na semana passada no periódico Nature.
O novo plano do dr. Goldman é
significante de diversas maneiras. Ele e sua equipe conseguiram estabelecer um
recorde (739,3 kilobytes) para a quantidade de informação única codificada. Mas
tal expediente foi projetado para fazer muito mais que isso. Ele deveria,
consideram os pesquisadores, ser perfeitamente capaz de abarcar os cerca de 3
zettabytes (um zettabyte é um bilhão de trilhões, ou 10 elevado a 21 bytes) dos
dados digitais existentes no mundo atualmente e ainda tem espaço para muito
mais. Ele realizaria essa façanha devido a uma densidade de 2,2 petabytes (10
elevado a 15) por grama; o bastante, em outras palavras, para carregar toda a
informação digital que se estima existir no mundo em uma caçamba de caminhão.
Ademais, tal método reduz radicalmente os erros de cópia que muitas versões
anteriores do armazenamento de DNA tendia a cometer.
Há outra vantagem em usar o DNA.
Tecnologias modernas e digitais de armazenamento tendem a ir e vir: basta lembrar-se
do destino do laser disc, por exemplo. Mas o DNA resistiu por mais de 3 bilhões
de anos. Enquanto a vida — e os biólogos — persistirem, alguém saberá ler essa
linguagem.
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