Falta aos pesquisadores brasileiros espírito empreendedor e melhor aproveitamento dos
investimentos no setor de inovação tecnológica. Segundo especialistas que
participaram do 14º Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb) da União
Nacional dos Estudantes (UNE), o país precisa investir em tecnologia para se inserir
na economia mundial.
“Inovação é algo essencial
para qualquer país que queira se modernizar.
Ou nos incorporamos à inovação ou vamos envelhecer como um país marginal do
ponto de vista da inserção na economia mundial. Seremos menos ricos e teremos
mais desigualdade social”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Física
(SBF), Celso Pinto de Melo.
Um dos problemas enfrentados
pelo país é a falta de empreendedorismo, que pode ser notada pelo número de
registros de patentes. Em 2011 o número de pedidos atingiu, em dezembro, a
marca de 30 mil, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC). Um avanço, mas ainda inferior à China, que atinge a
casa dos milhões em pedidos de registro de patentes.
“A China há 10 anos não
registrava patentes. Hoje faz o processo reverso, registrado inclusive
estrangeiros em seu território”, diz a presidente da Associação Nacional dos
Pós-Graduandos (ANPG), Luana Bonone. Ela afirma também que, no Brasil, 80% dos
investimentos em pesquisa são do Estado. “Os empresários brasileiros têm a
característica de querer resultados imediatos. Não existem no
país programas que atraiam esse investimento para as universidades”,
complementa.
O representante da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) José Luiz de Lima Filho afirma
ainda que os investimentos muitas vezes são mal aproveitados. Ele alerta para a
necessidade de captar recursos, mas usá-los com qualidade. “Temos que gerar
riqueza. Temos algumas produções que são vantajosas no Brasil como a soja e o
açúcar. Ambos são vendidos como commodities cotados em Chicago. Não estamos
colocando neles valor agregado. Não estamos investindo em tecnologia nessas
áreas que temos vantagem."
O estudante de Engenharia Eletrônica
da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Felipe Duque Belfort fez questão
de compartilhar a experiência que teve nos Estados Unidos. Ele morou um ano em
New Jersey, pelo programa Ciência sem Fronteira. “Quando estudei lá, tinha um
indiano que trabalhava comigo no laboratório. Ele estava lá noite e dia. Mas,
certa vez, parou de ir. Quando perguntei por ele, disseram que tinha aberto uma
empresa exatamente com a tecnologia na qual estávamos trabalhando. Não vejo
esse espírito nos brasileiros.”
O 14º Coneb da UNE acontece aqui em
Recife até o dia(21/01) de hoje. Este ano foi mais de 3,5 mil inscrições de
entidades de todas as regiões do país. Sob o tema “A Luta pela Reforma
Universitária: do Manifesto de Córdoba aos Nossos Dias”, o Coneb oferece
debates e grupos de discussão sobre temas ligados às universidades e ao Brasil.
Ao final, os delegados vão decidir os rumos e posicionamentos da UNE para 2013.
O evento antecede a Bienal da UNE, espaço de diálogo de estudantes e movimentos
culturais que, este ano, está em sua 8ª edição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário