Na
contramão da tendência mundial em favor da liberalização do uso da maconha,
pesquisas científicas vêm produzindo evidências cada vez mais concretas de que
a droga faz, sim, muito mal à saúde de quem a consome pelo menos uma vez por
semana, e principalmente na adolescência.
Em
reportagem publicada nesta edição da revista Veja, médicos e estudiosos atacam os argumentos
daqueles que defendem a legalização da droga, destacando que a maconha faz mais
mal do que o consumo de álcool ou tabaco, para citar apenas dois “vilões”
comumente considerados mais nocivos que a cannabis.
Um dos estudos mais abrangentes sobre os males da maconha, realizado por treze
renomadas instituições de ensino dos EUA e Nova Zelândia, acompanhou mais de
mil voluntários durante 25 anos, a partir dos 13 anos de idade. Um grupo
era formado de fumantes regulares da maconha enquanto outros não fumavam.
Quando os pesquisadores compararam os grupos, constataram que os usuários que
começaram a fumar na adolescência e mantiveram o hábito até a idade adulta
tiveram uma queda significativa do desempenho intelectual – na média, os
voluntários deste grupo ficaram 8 pontos abaixo dos não fumantes nos testes de
QI. Os fumantes também se saíram pior nos testes de memória, concentração e
raciocínio rápido.
De acordo com os pesquisadores, os
resultados mostram que, ao contrário do que se pensava, fumar maconha pode
comprometer a cognição à longo prazo, impedindo que usuários atinjam todo o seu
potencial. A maconha é um facilitador – mas não um componente determinante
– de quadros psicóticos, como esquizofrenia, bipolaridade, depressão
aguda e ansiedade, dizem as pesquisas.
Outro estudo recente com adolescentes
fumantes contatou que a maconha também pode deflagrar transtornos mentais em
pessoas sem histórico familiar dessas doenças. O motivo é que a maconha pode
causar danos irreparáveis na função de sinapses que fazem a comunicação entre
neurônios do cérebro. O prejuízo pode ser observado mesmo após a suspensão do
uso da droga, principalmente naqueles que fazem uso prolongado durante a
adolescência, quando o cérebro está em transformação e os mecanismos neurais
estão mais vulneráveis.
De acordo com especialistas, a
maconha é especialmente nociva porque encontra no cérebro mais receptores
capazes de interagir com ela do que outras drogas. Mais até do que a cocaína ou
o álcool.
“Nem o álcool, nem a nicotina do
tabaco; nem a cocaína, a heroína ou o crack; nenhuma outra droga encontra
tantos receptores prontos para interagir com ela no cérebro como a cannabis”,
diz um trecho da reportagem.
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