A queda de asteroides são o máximo em eventos de baixa probabilidade e alto impacto. Em 1908, uma rocha espacial de algumas dezenas de metros de largura caiu na Sibéria. O choque derrubou mais de dois mil quilômetros quadrados de florestas. O poder da explosão ficou entre 10 e 15 megatoneladas, o equivalente ao poder das armas nucleares mais poderosas produzidas durante a Guerra Fria. O fato de o meteorito em questão ter atingido a Sibéria, e não, digamos, Paris ou Beijing, foi pura sorte.
Felizmente, os políticos estão cientes do risco. Em 1992, o Congresso norte-americano sugeriu que a NASA começasse a monitorar asteroides cujas órbitas ameaçassem a Terra. No momento, a NASA tem ciência de 1.320 “asteroides potencialmente nocivos”, definidos como aqueles cujas órbitas se aproximam da Terra e que têm mais de 150 metros de largura, mas acredita que apenas um quarto deste total seja realmente ameaçador.
Mas a NASA poderá contar com ajuda – ou competição – em breve. Em 28 de junho, a fundação B612, uma organização sem fins lucrativos batizada em homenagem ao lar do personagem de “O Pequeno Príncipe”, anunciou que deseja lançar um telescópio espacial detector de asteroides. Apelidado de Sentinela, o telescópio será financiado por doações privadas, montado por uma equipe de engenheiros – incluindo ex-membros de equipes que montaram outros telescópios espaciais enviados ao espaço pela NASA e, caso tudo dê certo, lançado pela SpaceX, uma empresa de lançamento de foguetes, em 2018.
A ambição da fundação é produzir um mapa de asteroides que registre 90% dos objetos próximos à Terra que têm mais de 140 metros de largura, e metade daqueles com mais de 50 metros. Armados com dados de órbitas e velocidades, os astrônomos poderão calcular quais são uma ameaça ao longo do próximo século.
Pode parecer paranoia se preocupar com esse tipo de coisa. Por muito tempo, a queda de asteroides foi tratada como uma piada. As risadinhas silenciaram em 1994, quando fragmentos de um cometa chamado Shoemaker-Levy 9 se chocaram contra Júpiter. A energia liberada por essa colisão foi centenas de vezes maiores do que a soma de todas as armas nucleares da Terra. O entalhe, cujo tamanho é equivalente ao do planeta Terra, permaneceu durante meses na atmosfera de Júpiter.
E este não é o único encontro preocupante dos últimos tempos. Em 17 de junho de 2002, por exemplo, astrônomos detectaram uma rocha de 80 metros de comprimento que não atingiu a Terra por pouco – em termos astronômicos – e atravessou a órbita da Lua. O problema é que a presença desta só foi percebida três dias após o seu ponto de proximidade máxima. O Sentinela, caso de fato seja lançado, deve tornar esse tipo de acontecimento menos provável.
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