A conhecida luta de muitas mulheres contra os sinais do envelhecimento parece ter conquistado um novo aliado. Isso porque, Marlus Chorilli, pesquisador da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (UNESP) desenvolveu uma formulação que promete tornar mais eficiente o combate aos sinais do tempo.
Por meio da nanotecnologia - conjunto de técnicas que manipulam átomos e moléculas em dimensões incrivelmente pequenas - o cientista criou uma formulação que tem a capacidade de retardar o aparecimento de rugas e marcas de expressão. De acordo com o especialista, a fórmula é composta por cristais líquidos obtidos a partir de estruturas de silicones, que penetram nas camadas mais internas da epiderme e controlam a velocidade com que diversos princípios ativos são liberados.
"Inicialmente, nós realizamos estudos para verificar qual seria os melhores silicones candidatos à obtenção de um sistema de cristal líquido. Após os estudos iniciais de obtenção e caracterização da formulação, verificamos junto aos animais se ela era segura para o uso tópico. Com o retorno positivo, passamos a fazer testes em mulheres, buscando verificar o efeito do composto", explica Chorilli.
Nesta fase, 32 voluntárias, com idade entre 30 e 45 anos, utilizaram a nova fórmula por 30 dias. "Fotografamos a região dos olhos (onde surgem os pés-de-galinha) das voluntárias antes e no final do tratamento e observamos a redução tanto no número quanto na profundidade das rugas", afirma.
Chorilli, que é autor da pesquisa e atual professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP de Araraquara, se debruçaram sobre essa o assunto durante três anos, período em que fez sua tese de doutorado. Nesse processo, a formulação foi incorporada ao palmitato de retinol, que é um tipo sintético de vitamina A, bastante utilizado em cremes anti-idade para retardar os sinais do envelhecimento.
Segundo o especialista, depois do palmitato, os estudos com nanotecnologia já estão envolvendo outras substâncias, como o extrato seco de cacau orgânico e o chá verde. Para ele, a aplicação da técnica em cosméticos é possível e economicamente viável. “Considerando-se o processo de obtenção das formulações testadas neste trabalho, não há necessidade de adaptações nos processos de produção dos cosméticos, o que torna a incorporação simples.”
Método ainda está em avaliação
Apesar da notícia da nova formulação criada pela UNESP ser bem-vinda entre os profissionais de dermatologia, alguns especialistas ressaltam que pesquisas com nanotecnologia, principalmente para o desenvolvimento de produtos que podem aumentar a permeabilidade, ou seja, entrar com mais facilidade na pele, funcionam apenas como carregadores e não realizam sozinhos os efeitos desejados, como o antienvelhecimento.
Por isso, para Valcinir Bedin, dermatologista, diretor do Centro Integrado de Prevenção do Envelhecimento (CIPE) e Presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo, diz que é preciso olhar para estes novos métodos com cautela. “Acredito que sejam necessários mais estudos para mostrar, por exemplo, onde realmente esse carregador solta o princípio ativo e se essa substância realmente traz benefícios reais. Infelizmente não posso acreditar que o palmitato de retinol possa ter tido um efeito reparador de rugas tão eficaz", diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário