A nanotecnologia é um campo relativamente novo e mais recente ainda é a sua aplicação em medicina.
Os nanotubos de carbono constituem particularmente uma nova classe de material com potencial para aplicação na área biomédica.
Seu diminuto tamanho permite que estas estruturas sejam internalizadas por diferentes células.
Embora isto venha levantando suspeitas de toxicidade, pesquisadores acreditam que o nanomaterial pode ser explorado para o bem.
Internalização dos nanotubos
Embora vários trabalhos demonstrem a capacidade desses materiais ultrapassarem as membranas celulares, o mecanismo desse processo ainda não está bem elucidado.
Foi isto que levou Vânia Daniela Ramos da Silva, da Unicamp, a desenvolver uma pesquisa com o objetivo de elucidar o mecanismo de internalização dos nanotubos de carbono por células de defesa do organismo e células de carcinoma pulmonar de Lewis, além de sua relação com a expressão do receptor Marco.
Os resultados da pesquisa demonstram que as células dendríticas que expressam o receptor Marco em maior quantidade internalizam o nanotubo de forma bastante eficaz. Os macrófagos que expressam menos esse receptor internalizam menores quantidades do nanomaterial.
Já as células tumorais de linhagem de Lewis embora internalizem quantidade significativa dos nanotubos parecem não necessitar de um receptor específico para isso, pois não expressam o receptor Marco.
Carreadores de medicamentos
Segundo a pesquisadora, a elucidação dos mecanismos de ação dos nanotubos sinaliza com a promessa de que substâncias antitumorais acopladas a eles possam ser levadas diretamente às células doentes por meio da corrente sanguínea.
Isto seria facilitado porque o tumor forma um microambiente próprio, que provoca o aumento muito grande de vasos sanguíneos, ávidos por nutrientes.
Elaine afirma que trabalhos futuros poderão estudar os mecanismos envolvendo nanotubos aos quais tenham sido acopladas determinadas drogas. Para ela, o estudo realizado vai permitir que se verifique a possibilidade de uma determinada substância agregada chegar à célula.
Por ora, afirma, "sabemos que as nanopartículas inibem a propagação do tumor. Os nanotubos ativam a resposta imune de forma que ela se volte contra o tumor."
Toxicidade
É claro que a descoberta suscita as preocupações quanto à toxicidade: se os nanotubos podem ser benéficos no caso das células tumorais, isto passa a ser uma preocupação no caso das células sadias.
O trabalho levou os pesquisadores a concluírem que esses nanotubos não são inertes, e que os macrófagos os atacam e liberam mediadores que são inflamatórios.
Por isso, eles consideram que há necessidade de controlar a dose dos nanotubos administrada, o que possivelmente resultará no controle da resposta imune, de maneira a não inviabilizar o ataque aos tumores e não causar danos às células sadias.
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