terça-feira, 12 de julho de 2011

Traqueia com nanotecnologia e engenharia de tecidos



Pesquisadores europeus misturaram nanotecnologia e engenharia de tecidos para criar uma traquéia totalmente artificial, que pode ter salvado a vida de um paciente com câncer nesse órgão.

O feito foi noticiado pela rede britânica BBC um mês após o transplante do órgão sintético, considerado um sucesso  pela equipe. A operação aconteceu na Suécia, no Hospital Universitário Karolinska, e foi coordenada pelo italiano Paolo Macchiarini.

Segundo a BBC, o receptor da traquéia, o geólogo Andemariam Teklesenbet Beyene, 36, da Eritreia (África Oriental), está se recuperando bem da cirurgia. Ele cursava o doutorado na Islândia quando foi diagnosticado com um tumor na traquéia.

O câncer, com o tamanho de uma bola de tênis, ameaçava sufocar o geólogo. O único caminho era removê-lo, carregando junto a traquéia inteira do paciente.

Para substituir o órgão que seria perdido, os especialistas primeiro obtiveram uma imagem tridimensional da traquéia de Beyene, detalhada o suficiente para permitir a recriação dela.

Entrou em cena, depois disso, uma equipe do University College de Londres, liderada por Alexander Seifalian.

Eles foram responsáveis por desenvolver o "esqueleto" da traquéia sintética, montado com técnicas de nanotecnologia (a manipulação de estruturas com tamanho de bilionésimos de metro).

Graças aos dados 3D, que serviram de molde virtual, os pesquisadores produziram uma réplica praticamente idêntica à traqueia original.

SEMEANDO

A estrutura e a composição do "esqueleto" da traquéia, patenteados pela universidade britânica, minimizam as chances de rejeição do transplante e incentivam o crescimento de células do próprio paciente sobre o objeto.

E esse foi o passo seguinte: a obtenção de células tronco da medula óssea do geólogo, as quais foram cultivadas num "ensopado" em especial em laboratório, junto com o esqueleto da traquéia feito previamente.
O conjunto também incluía células obtidas do nariz de Beyene -importantes por causa da conexão direta desse órgão com a traquéia.

No fim, os cientistas obtiveram uma estrutura com características biológicas muito parecidas com as de uma traquéia natural.Como as células que recobriram o esqueleto do órgão são do próprio paciente, e como a estrutura não biológica é inerte, não havia perigo de rejeição.

Numa operação que durou 12 horas, a equipe coordenada por Paolo Macchiarini retirou a traquéia afetada pelo tumor e a substituiu pelo órgão criado em laboratório.

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