A soma de impostos arrecadados em 2010 ultrapassou R$ 1 trilhão em novembro. Uma conta que continua crescendo todos os dias, já que os tributos estão embutidos nos preços dos produtos e dos serviços consumidos. O dinheiro sai do bolso do contribuinte e cai direto no caixa dos cofres públicos. Apesar disso, o consumidor não sabe ao certo quanto paga de imposto nos bens ou serviços que consome e nem como este dinheiro é distribuído.
Só para se ter uma ideia, cada garrafa de água mineral consumida tem 38% do valor de imposto, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Paraná. Já nos quilos de arroz, feijão ou de carne bovina estão incluídos 17% de tributo. No caso de bebidas alcoólicas, a carga tributária pode ser ainda mais pesada. Em uma taça de vinho, 55% do preço é imposto e, em uma dose de caipirinha, 77% do valor vai para o governo. Os tributos nas contas de celular, de luz e de água correspondem, respectivamente, a 46%, 48% e 38% dos boletos.
Ao todo, existem 85 impostos e taxas diferentes no país. O resultado disso é que os brasileiros trabalham praticamente de janeiro a maio somente para pagar tributos. Em média, cada um gasta cerca de R$ 6 mil em impostos por ano, o que corresponde a 40% do que ganha no ano. Isso por que pagar imposto é um dever do cidadão. Mas em contrapartida, devolvê-los para a sociedade, na forma de melhorias públicas, é um dever do governo.
Em nome destas melhorias que o setor público consumiu, em 2010, cerca de R$ 1,4 trilhão nos governos Federal (R$ 800 bilhões), dos Estados (R$ 400 bilhões) e dos Municípios (R$ 200 bilhões). E, para pagar a conta, serão recolhidos até o fim do ano R$ 1,3 trilhão em impostos. A maior parte do dinheiro vem das empresas, que são responsáveis pela arrecadação de cerca de 70% do total. A carga tributária no Brasil é de 37% do PIB, o que significa que os cofres públicos recebem um valor que equivale a mais de um terço do que o país produz.
Apesar de toda esta quantia trilionária, o resultado das contas públicas – a diferença entre a receita de impostos e as despesas do governo – deve fechar, em 2010, com R$ 100 bilhões no vermelho. Como o governo geralmente gasta mais do que ganha, acaba se endividando, pois pega emprestado para pagar suas contas. A dívida total já soma mais da metade de tudo o que o país produz em um ano. Uma gestão pública pouco eficiente, que distribui milhares de cargos segundo interesses políticos, e a corrupção, podem ser as grandes vilãs na história.
Diante disso, o quadro que fica é de um país no vermelho, que apesar de ficar com 40% da renda anual de seus cidadãos, não consegue pagar suas dívidas e nem sustentar satisfatoriamente o peso da estrutura do governo. Uma das saídas para que o Brasil cresça e gere ainda mais empregos pode estar exatamente nos tributos, na tão sonhada redução de imposto via reforma tributária, uma mudança evitada e constantemente adiada pelos governos.
Entenda como o dinheiro é distribuído pelo governo
Se chegar R$ 100 de imposto no setor público é assim que o dinheiro será dividido proporcionalmente: R$ 28 para a previdência, R$ 15 para saúde e saneamento, R$ 13 para a educação, R$ 12,80 para pagar juros da dívida, R$ 5,70 para custear a administração, R$ 3,70 para transporte, R$ 3,70 para segurança, R$ 3,50 para assistência social, R$ 3,20 para o Judiciário, R$ 8,40 para outras áreas e R$ 3 em habitação e urbanismo.
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