Antiga conhecida do homem, hoje é possível afirmar que a Lua é mais complexa do que se imaginava. Além de ter conter bilhões de litros em seus pólos, ela contém compostos como hidroxila, monóxido de carbono, dióxido de carbono, amônia, sódio, mercúrio e prata. As descobertas foram publicadas em uma série de estudos na edição desta semana do periódico científico Science.
Os novos estudos são resultado de observações feitas em outubro do ano passado pelo satélite LCROSS (Lunar Crater Remote Observation and Sensing Satellite) da Nasa, quando ele se chocou, intencionalmente, com a superfície da Lua. Cerca de 90 minutos após a colisão, o satélite LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter) passou pela poeira resultante do impacto e coletou dados sobre as substâncias que formavam uma névoa.
“É uma nova visão sobre o pólo sul lunar, não só pelos compostos, mas pela incrível variedade deles que são de grande importância para a análise científica”, disse em entrevista coletiva Anthony Colaprete pesquisador do projeto de reconhecimento da órbita da Lua (LRO), da Nasa.
O ponto de impacto escolhido foi a cratera Cabeus, que fica no Pólo Sul lunar, uma das regiões mais frias do sistema solar com temperatura semelhante à encontrada em Plutão. Isto porque o pequeno eixo de inclinação de rotação da Lua faz com que o solo dos pólos permaneça sempre a sombra da luz solar. Sem receber a energia do sol, a temperatura destas regiões se mantém entre -238ºC e -173ºC.
Temperaturas tão baixas que quase todas as substâncias voláteis ficam presas por ali, sem se dispersar.
O choque criou uma cratera (dentro da Cabeus) de 25 a 30 metros de largura e algo em torno de 4 a 6 toneladas de detritos, poeira e vapor que como em uma explosão subiu até a uma área iluminada pelo sol no campo de visão do satélite.
A missão possibilitou que cientistas estimassem o total de concentração de gelo na cratera: cerca de 5,6% da massa total no interior da Cabeus pode ser atribuída ao gelo. Isso significaria a bilhões de litros de água em uma única cratera.
A descoberta de água em forma de gelo e outros elementos, principalmente mercúrio – aparentemente na mesma quantidade que a água encontada - e hidrogênio, poderão reduzir a necessidade de transporte e armazenamento de recursos usados por astronautas. “O hidrogênio poderia ser uma fonte usada em missões futuras”, disse Colaprete. Já o mercúrio poderia ser tóxico para astronautas.
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