É grande a resistência à aprovação do item da reforma política que estabelece a criação das listas partidárias, nas quais os eleitores votam num partido e não num candidato específico. O principal argumento para derrubar a matéria é o de que as tais listas beneficiam as cúpulas partidárias, que terão liberdade de escolher quem encabeçaria essas listas. É muito barulho, mas, na prática, isso já ocorre, só que de uma maneira camuflada. Em Pernambuco, há um exemplo recente, das eleições de 2008, quando o PSDB do Recife negou à legenda ao vereador João Alberto - que foi um dos mais votados da capital em 2004. O PSDB alegou infidelidade e João Alberto terminou fora da disputa. E esse é um episódio que se repete pelo país afora, porque as cúpulas partidárias são ditatoriais, quando assim lhes convém. Mesmo sem existir listas da forma como estão sendo propostas na retalhada reforma política que começa a ser discutida na Câmara dos Deputados, na hora de definir a relação dos candidatos, os partidos recorrem a muitos artifícios para colocar ou retirar esse ou aquele candidato e ninguém reclama. É certo que o Brasil tem uma tradição de votar em pessoas e não nos partidos, mas o verdadeiro problema, agora, não é bem a questão do voto em lista, mas, sim, saber e definir quais são os itens que o Congresso Nacional vai priorizar na reforma, para aprovar a tempo de valer já para as eleições de 2010. É bom que se saiba também que aprovar voto em lista, financiamento público é janela para infidelidade, não é cortar na própria carne. Cortar na própria carne é aprovar o fim das coligações nas eleições proporcionais, implantar a cláusula de desempenho e instalar uma fidelidade partidária decente, sem "jeitinho" para manter o “troca-troca" de partido. Os recentes escândalos envolvendo o Congresso são um sinal claro de que o Legislativo precisa se antecipar aos problemas, em vez de ficar escamoteando a realidade e sofismando em cima da moralidade.
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