O ministro da Defesa, Raul Jungmann, reuniu-se ontem (17/04) com representantes de fábricas para apresentar um plano de incentivos federais para instalação de polos industriais na área de defesa em Pernambuco e outros estados do Nordeste. Duas grandes empresas, uma suíça e uma brasileira, manifestaram interesse em abrir fábricas no estado, mas as contrapartidas ainda precisam ser definidas.
Na
semana passada, o ministro Raul Jungmann e o governador Paulo Câmara assinaram
um protocolo de cooperação para desenvolvimento da indústria de defesa no
estado. Jungmann disse que pretende descentralizar o setor, atualmente
concentrado no Sul e Sudeste do país. O modelo de protocolo deve ser ampliado
para outros estados do Nordeste.
A
suíça Ruag e a brasileira CBC já manifestaram interesse em se instalar em
Pernambuco. A Ruag prevê investimento de US$ 80 bilhões. De acordo com
JungmannJ, a CBC anunciou que irá ao estado na Feira Internacional de Defesa e
Segurança (LAAD, na sigla em inglês). Além disso, o estaleiro italiano Vard
Pomar foi considerado apto à concorrência em edital a ser lançado em breve pelo
Ministério da Defesa para a construção de quatro navios corveta da Marinha, um
investimento de US$ 1,8 bilhão. “Será um certame internacional, mas Pernambuco
tem condições de competir em pé de igualdade”, disse o ministro.
O
prazo para instalação das empresas depende de garantias a serem dadas pelo estado
de Pernambuco às companhias interessadas. Jungmann informou que, na semana
passada, representantes das empresas almoçaram com o governador. "Quem
pode dar as informações é o próprio governo do estado, mas, ao que tudo indica,
as empresas estão prontas para fazer o investimento.”
No
protocolo assinado no dia 10 de abril, há previsão de que o estado forneça
condições para a instalação do setor industrial em território pernambucano, que
podem ser desde isenções fiscais a doação de terreno ou garantia da infraestrutura
necessária.
Em
nota, a assessoria do governo de Pernambuco disse que possíveis benefícios
estão em negociação, mas ainda em fase inicial, e que, por questões de
confidencialidade, não emitiria comunicado neste momento.
De
acordo com o diretor-presidente da Federação das Indústrias do Estado de
Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger, toda a área está interessada na
possibilidade de novos negócios, mas a principal reivindicação é a instalação
de um escritório de compras do Ministério da Defesa em Pernambuco, pois os
empresários reclamam das dificuldades de acesso às negociações com a pasta.
“Esse é o grande problema. Há dificuldade para o médio e pequeno empresário
terem acesso. Para autorização do Ministério da Defesa, depois a aprovação dos
seus produtos, todo o trâmite”, afirmou Essinger.
Para
Essinger, Pernambuco tem potencialidade para a área. “Tem a parte
metal-mecânica, que vai ser forte supridora dessa área. Por exemplo, se os
estaleiros fabricarem as corvetas, temos as indústrias montadas para dar apoio
à construção dos navios”, disse ele. “Essa indústria não é só a fabricação de
armas, tem a retaguarda. Temos área e confecção muito próspera e desenvolvida
que, no entanto, não abastecem a área de defesa”.
Para
contribuir com a criação desse segmento no estado, a Fiepe destaca que tem
negociado com o governo estadual a possibilidade de isenção fiscal para as
empresas. Além disso, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) se
comprometeria a preparar a mão de obra necessária.
O
ministro apresentou na reunião os incentivos federais disponíveis para a Região
Nordeste. A começar pela linha de crédito anunciada na LAAD pelo Banco Nacional
do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), especial para exportação e para
a indústria de Defesa.
A
linha terá 100% de financiamento, 25 anos de prazo total para pagar, 10 anos de
carência e juros que ficarão abaixo do cobrado pelo mercado, mas analisados
caso a caso. Será a primeira vez que o BNDES disponibilizará crédito para esse
setor de exportação, o que foi chamado pelo ministro Raul Jungmann de
“revolução”.
Outros
incentivos estão em fase final de negociação com o Ministério da Integração
Nacional para que as indústrias de Defesa possam ser contempladas pelo Fundo
Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e o Fundo de Desenvolvimento
do Nordeste (FDNE). Segundo o ministro, a base industrial de Defesa no Brasil
fatura mais de R$ 200 bilhões por ano e dá lugar a cerca de 40 mil empregados
diretos e 130 mil indiretos.
Fonte-agenciabrasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário