Na USP, o
NAP-NN congrega 10 laboratórios de pesquisa de três unidades, o Instituto de
Química (IQ), o Instituto de Física (IF) e a Escola Politécnica (Poli), além de
mais de 60 pesquisadores, colaboradores de outras universidades, instituições
de pesquisa e do setor público e privado, visando uma abordagem
transdisciplinar da complexidade associada aos nanomateriais e nanossistemas.
Para o
professor Henrique Eisi Toma, do Instituto de Química (IQ) da USP, coordenador
do Núcleo, é preciso entender que os especialistas do núcleo não são apenas
funcionários trabalhando, mas cientistas que estão desbravando caminhos do
conhecimento.
Cientistas,
docentes e alunos que trabalham integrados em soluções de ponta. Dentre elas,
estão diversas patentes já registradas por membros do NAP. Algumas com vasto
potencial para promover mudanças no destino do país, acredita Toma. São mais de
25 ideias já patenteadas esperando pelo devido reconhecimento e investimento.
Patentes
revolucionárias
Entre elas, o
professor destaca a Nanohidrometalurgia Magnética – nanopartículas
superparamagnéticas podem ser utilizadas para a captura e transporte de metais
de grande interesse econômico e ambiental a partir de solução aquosa. Com base
na versatilidade do processo, que não utiliza solventes orgânicos, a ideia
propõe uma alternativa mais limpa para o processo de hidrometalurgia
convencional. O Brasil explora apenas 30% de seus minérios, número que poderia
aumentar muito com o uso da Nanohidrometalurgia. “Hoje o Brasil vende suas riquezas
em formato de ‘pedras’, em estado bruto. Se utilizasse esse novo processo,
poderia refinar a exploração dos mesmos minérios e ampliar dramaticamente seu
valor.”
Além disso, a
Nanohidrometalurgia Magnética pode ter também aplicações no campo de extração
de petróleo. As nanopartículas seriam inseridas na rocha da qual o petróleo é
extraído atualmente e poderiam ser magneticamente guiadas por ímãs, facilitando
o trabalho e ampliando o volume extraído. “A Petrobras já demonstrou interesse
e quatro especialistas que pertencem ao NAP estão trabalhando na questão”,
revela o professor.
Outra
importante patente mencionada por Toma envolve as mesmas nanopartículas, mas
num campo completamente distinto, o da biotecnologia, com as enzimas
magnéticas. Nesse ramo especializado da biologia, enzimas são constantemente
utilizadas para a produção de uma infinidade de produtos farmacêuticos.
Entretanto, são caras e em geral utilizadas uma única vez. Com o auxilio da
nanotecnologia, nanopartículas se grudariam às estruturas das enzimas,
impedindo sua deformação pelo uso, aumentando sua eficiência e permitindo um
fato inédito: a reciclagem de enzimas após sua utilização. Para o professor,
uma vez que a tecnologia fosse aplicada, revolucionaria a biotecnologia e uma
indústria que movimenta trilhões de dólares no planeta.
Laboratórios
interligados
Os integrantes
do núcleo têm experiência e competência em áreas complementares nos campos da
Física, da Química e da Engenharia, possibilitando uma abordagem complexa dos
desafios associados aos projetos acadêmicos e de cunho tecnológico. “São
oficialmente 10 laboratórios trabalhando em conjunto, formando um dos maiores
NAPs da USP”, esclarece Toma. “Não existe um único espaço físico para o NAP-NN,
ele está disperso, mas todos os laboratórios interligados estão consolidados.”
Um dos
principais resultados do NAP foi a organização da “Conferência USP de
Nanotecnologia”. O evento tem apoio da USP e de empresas privadas e já está na
sua terceira edição.
Outro fator
que dá destaque ao NAP-NN é sua entrada no SisNANO, uma iniciativa do governo
federal que interliga centros nano por todo o país. O Núcleo, por meio do
SisNANO-USP, é membro do sistema SisNANO do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação, oferecendo especialistas e infraestrutura para a prestação de
serviços diversos de análise e desenvolvimento, particularmente na preparação,
funcionalização, compatibilização e caracterização de nanomateriais. “O SisNANO
é a porta de ação para a comunidade, pois permite que os centros realizem
trabalhos para instituições que não teriam os recursos sozinhos”, esclarece
Toma.
Em torno de
15% do tempo do NAP é dedicado ao SisNANO e às necessidades de outras
instituições. “Como os laboratórios são caros, com equipamentos de última
geração e equipe muito especializada, o Governo consegue poupar milhões
utilizando as parcerias em serviços de altíssima qualidade, mas pouco
conhecidos”. A iniciativa representa uma nova visão sobre colaboração
científica e de pesquisa. No entanto, apesar de toda a estrutura, nem sempre as
ações do Núcleo possuem a visibilidade que deveriam para uma área que pode ser
um divisor de águas no país.
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